Paula Laboissière
Enviada Especial
Porto Alegre – Ao participar de uma mesa de debates sobre democracia e diante de um auditório lotado no Fórum Social Temático (FST) 2012, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos cobrou da presidenta Dilma Rousseff mais diálogo com os movimentos sociais.
Ele ressaltou que a crise que atinge fortemente países europeus demonstra que o capitalismo é antidemocrático e que a luta democrática precisa ser de cunho anticapitalista. “O totalitarismo gradual vai minando as nossas forças e as nossas aspirações democráticas”, disse. “A democracia representativa se virou de costas para as populações”, completou.
Em resposta, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, que também participou da mesa, avaliou que não há ausência de diálogo entre o governo e os representantes sociais. Há, segundo ele, uma certa tensão e, muitas vezes, demora em atender reivindicações com a velocidade necessária.
“O governo não pode estar fechado em suas fórmulas. A presença da presidenta Dilma e de ministros aqui no fórum é exatamente um exercício dessa prática, de que é preciso ouvir para errar menos e ouvir para acertar mais. Isso é democracia e um exercício importante para nós”, explicou.
Ainda durante o debate, o ativista Chico Whitaker avaliou que a chamada democracia representativa no país está em crise e que, além de eleger, a população precisa controlar, acompanhar, reivindicar e exigir. “O FST é a sociedade se assumindo. Ela não se satisfaz em ser representada. Ela quer também atuar autonomamente como força social. Isso está crescendo. É uma nova cultura, de uma democracia muito mais exigente”, ressaltou.
O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, que também integrava a mesa, chegou a propor uma reforma política que acabe com o “escandaloso financiamento privado” de partidos políticos brasileiros. “Não se faz isso porque não há uma pressão social e política forte capaz de influir nos partidos”, disse.
Acompanhe a cobertura completa do FST 2012 no site multimídia da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Edição: Lana Cristina