Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O novo ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antônio Raupp, assumiu a pasta hoje (24) prometendo aumentar a colaboração entre a geração de conhecimento no meio científico e o desenvolvimento de pesquisa nas empresas privadas. “Uma das necessidades que se impõem é a construção de um modelo que faça a aliança entre o conhecimento científico e a economia”, disse.
O tom do discurso de 18 páginas lido na sede do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em Brasília, soa afinado com as políticas em andamento no governo para aumentar a pesquisa e a inovação tecnológica, como ocorre com os programas Ciência sem Fronteiras e Brasil Maior, lançados no primeiro ano do governo Dilma Rousseff com a participação do antecessor Aloizio Mercadante, a quem Raupp prometeu “dar continuidade ao trabalho”.
O Brasil é um dos 13 países com maior produção científica (ranking baseado na produção de artigos científicos publicados em revistas especializadas), mas ocupa o 47º lugar em inovação, pesquisa e desenvolvimento. Além disso, em comparação aos países que mais desenvolvem tecnologia, o Brasil tem a menor participação empresarial nos investimentos para a geração de processos e equipamentos inovadores.
No Brasil, o Estado, incluindo a Petrobras, é o principal agente investidor em pesquisa e desenvolvimento (total de 1,2% do Produto Interno Bruto). Para estimular a participação do capital privado na inovação, Raupp promete aumentar as parcerias público-privadas como é o caso da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), criada por Mercadante em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
A expectativa é que a “Embrapa da indústria” comece a funcionar no próximo mês, colocando à disposição das empresas laboratórios de tecnologia como o do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), ligado à Universidade de São Paulo (USP), do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e centros de alto desempenho do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
Raupp, que deixou a presidência da Agência Espacial Brasileira (AEB), elaborou no ano passado uma política espacial contando com a parceria da Telebras com a Embraer para construção do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB). Segundo o novo ministro a criação dessas parcerias é estratégica. “O desenvolvimento não acontece espontaneamente. É preciso criar estruturas específicas para que seja cumprido o papel econômico e social da ciência brasileira”.
Durante a solenidade de assinatura do termo de posse no Palácio do Planalto, a presidenta Dilma Rousseff orientou que seja mantido o “casamento” entre o MCTI e o Ministério da Educação (para onde foi Mercadante), que mantêm em conjunto o Programa Brasil sem Fronteiras.
Segundo Raupp, um dos conselhos do ministro Mercadante é não levar apenas demanda de despesas para o Palácio do Planalto, mas projetos que estejam bem elaborados e resistam desde a fase de “espancamento” na primeira sabatina feita pela presidenta até a discussão sobre “a nona casa decimal” do Orçamento.
Edição: Aécio Amado