Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje (16) que o país deve crescer em torno de 4% ou de 5% em 2012. Para este ano, o ministro estimou um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) abaixo de 3,7%.
“Talvez a Fiesp [Federação das Indústrias do Estado de São Paulo] seja um pouco pessimista para o ano que vem. Deveremos ter um crescimento em torno de 4%, mesmo com a crise internacional. E se a crise diminuir, poderemos chegar a 5%”, disse o ministro. O crescimento estimado pela Fiesp para o próximo ano é 2,6%.
Segundo ele, esse crescimento será puxado por vários setores, inclusive a indústria, que teve um desempenho “aquém do esperado em 2011”.
Mantega palestrou hoje a um grupo de jovens jornalistas do Curso Intensivo de Jornalismo Econômico, promovido pelo jornal O Estado de S.Paulo. A palestra do ministro demorou pouco mais de uma hora e abordou assuntos como a crise mundial e o cenário econômico brasileiro, citou números de crescimento do PIB e do número de empregos, mobilidade social (citando o crescimento da classe média no país) e também os problemas que atingiram a indústria de manufaturados principalmente por causa da crise e do aumento das importações.
Durante a palestra, o ministro voltou a criticar a demora da Europa em tomar decisões na implementação de soluções para a crise mundial. “Existe uma demora na implementação das soluções que até existiriam, mas chegam sempre atrasadas. Quando a solução chega, a crise está num patamar mais avançado”.
Segundo o ministro, a lentidão na tomada de soluções faz com que a crise contamine outros países europeus e chegue inclusive aos Estados Unidos e aos países emergentes. A crise, segundo ele, também gera desaceleração da economia mundial. “A economia mundial vai crescer menos e há risco de recessão em países desenvolvidos”.
O ministro também falou sobre sua expectativa positiva para o Natal deste ano e confirmou que o governo está elaborando um plano para o setor automotivo que preve estímulos para as empresas que fizerem mais investimento em inovação tecnológica no país. O plano prevê redução de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para essas empresas.
Mantega também respondeu a uma pergunta feira por um jovem jornalista sobre o leilão de dólares promovido pelo Banco Central ontem (14). De acordo com o ministro, o leilão provou que “não falta dólar no mercado doméstico brasileiro”.
“Não há falta de crédito. Por via das dúvidas, o Banco Central resolveu fazer um leilão de dólares no caso de haver falta de dólares no mercado local. Ele fez uma consulta para ver se tinha demanda. Mas concluímos que não há falta de dólares no mercado, que está funcionando bem. A prova disso foi que ninguém quis entrar no leilão que o BC estava disposto a fazer”.
Mantega também falou sobre a taxa de juros no país. Segundo ele, o juro real no país ainda é muito alto, em torno de 4,14%, principalmente quando comparado a outros países que estão praticando juro real negativo. “O Brasil continua muito austero com sua política monetária, e tem que ser, porém com redução da taxa real de juros porque a economia já desacelerou quanto devia e ela agora está no momento de dar uma acelerada”.
Edição: Rivadavia Severo