Da BBC Brasil
Brasília - O ministro de Petróleo e Energia da Venezuela, Rafael Ramírez, disse hoje (3) que a estatal venezuelana PDVSA já dispõe da garantia financeira para pagar a sua participação, com a Petrobras, no projeto da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
O anúncio foi feito dois dias depois de a presidenta Dilma Rousseff voltar a declarar, junto a seu colega venezuelano Hugo Chávez, a decisão de dar continuidade à parceria entre as estatais. No encontro, no entanto, ela reconheceu que o projeto era um "desafio".
"Estamos colocando o dinheiro como garantia e não há garantia mais sólida que o dinheiro vivo e aí está", disse Ramírez, durante encontro com países do PetroCaribe, em Caracas. "Agora resta ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fazer os trâmites para entrar na refinaria", acrescentou. A outra parte da garantia, de US$ 1,5 bilhão, virá de um fundo da Venezuela com a China (equivalente a R$ 2,6 bilhões).
O BNDES vai financiar R$ 9 bilhões do projeto à PDVSA, que deve ter 40% de participação na Abreu e Lima. A Petrobras ficará com 60% da refinaria, projetada para processar 230 mil barris de petróleo diariamente. O orçamento total para a sua construção é R$ 26 bilhões. Procurada pela BBC Brasil, a Petrobras não quis comentar o anúncio da PDVSA.
O último avanço nas negociações entre as estatais foi anunciado na quarta-feira (30). Após uma reunião entre os diretores das empresas, a estatal brasileira deu um novo prazo de 60 dias à PDVSA para cumprir com as exigências contratuais, o que permitirá a participação da petroleira venezuelana na refinaria.
O projeto acordado entre o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez se arrasta há sete anos. Enquanto a PDVSA negociava as garantias para receber um crédito do BNDES para financiamento de 40% da refinaria, o projeto começou a ser construído unilateralmente pela Petrobras, sob ameaça de deixar os venezuelanos de fora.
Com a conclusão do projeto, o Brasil deverá importar 100 mil barris de petróleo diários da Venezuela, para serem processados pela refinaria em Pernambuco."Com ela nós vamos também contribuir para o que deve ser uma relação entre dois países em que os dois lados ganham", declarou Dilma Rousseff em Caracas.