Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Fotografias e documentos retratando os lugares de São Paulo que foram palco de protestos e de manifestações desde o início do século passado estão em exposição, a partir de hoje (26), no Memorial da Resistência, em São Paulo. A exposição pretende ajudar a contar a história dos movimentos de resistência no país e a refletir sobre a história política brasileira.
“Essa exposição faz uma amostragem de lugares da memória da resistência e da repressão no estado de São Paulo. Pegamos alguns lugares referenciais como, por exemplo, a Praça da Sé, o Largo São Francisco, o Tuca [Teatro da Universidade Católica de São Paulo], o Convento dos Dominicanos e o Presídio Tiradentes”, explicou Kátia Felipini, museóloga e coordenadora do Memorial da Resistência.
Segundo Kátia, um dos objetivos da exposição Lugares da Memória - Resistência e Repressão é fazer um inventário desses lugares em todo o estado. “Pretendemos que as pessoas pensem em lugares que elas conhecem ou já ouviram falar e reflitam em como esses lugares podem ser apropriados tanto para manifestações de resistência como contra a repressão. Acreditamos que a educação do olhar também pode evitar que muitos desses lugares sejam apropriados indevidamente. Sabemos que há lugares que são apropriados para tortura ainda hoje”, disse ela, em entrevista à Agência Brasil.
Para a elaboração desse inventário, o Memorial da Resistência espera receber contribuições de pesquisadores, estudantes, militantes políticos e ex-presos políticos. “Os materiais de pesquisa para essa exposição estão nos arquivos e jornais. Mas a parte importante de fato é o conhecimento que as pessoas têm sobre os lugares”, acrescentou.
A coordenadora espera que as pessoas que vivenciaram ou participaram de alguma manifestação ou que conhecem relatos de pessoas que fizeram parte de movimentos de resistência enviem suas sugestões sobre locais e as depositem em urnas instaladas no memorial. “Queremos agregar pessoas para construir coletivamente esse inventário”, disse a museóloga.
Para debater temas ligados à exposição, o Memorial da Resistência vai promover um evento especial chamado Sábado Resistente. No dia 3 de dezembro, o tema será a tortura. “O Sábado Resistente vai discutir sobre a questão da tortura, que é uma coisa que permanece, é uma reminiscência. Acho que ela faz parte da história da humanidade e que, em pleno século 21, não deveria mais estar acontecendo”, disse Kátia.
Já no dia 10 de dezembro, uma nova edição do Sábado Resistente vai debater a Comissão da Verdade.
A exposição segue até o dia 18 de março de 2012. O Memorial da Resistência funciona de terça-feira a domingo, das 10h às 17h30. Mais informações podem ser encontradas no site http://www.pinacoteca.org.br
Edição: Lílian Beraldo