Débora Zampier
Repórter da agência Brasil
Brasília – A aprovação de emenda de R$ 2 bilhões para aumentos salariais no Judiciário definida hoje (23) na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ) dos Deputados não deve paralisar o movimento grevista dos servidores, que atinge 19 estados. De acordo com a Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e do Ministério Público da União (Fenajufe), a orientação é continuar e até aumentar o movimento a partir de agora.
O coordenador-geral da Fenajufe, José Oliveira, disse que os próprios parlamentares incentivaram a continuação da greve até que a questão esteja resolvida em definitivo, uma vez que não há consenso se a emenda passará na Comissão Mista de Orçamento. “O avanço de hoje servirá, na verdade, para estimularmos que as paralisações continuem e até aumentem, para mostrar que o movimento grevista vem colhendo resultados”.
Segundo o presidente da CCJ, deputado João Paulo Cunha (PT-SP), a proposta serve como “janela” para que a discussão sobre o reajuste possa continuar na Comissão Mista de Orçamento.
O representante da Fenajufe disse que a estratégia para que o aumento seja aprovado é ampliar a negociação com relatores setoriais e com o relator-geral do Orçamento de 2012, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). “Apesar de o PMDB ter assumido a linha de frente das nossas reivindicações, temos sentido um movimento de apoio também na oposição e até na base governista”.
Pouco após a aprovação da emenda na CCJ, cerca de 200 manifestantes de várias partes do país se reuniram em protesto na Praça dos Três Poderes, em Brasília, para cobrar a aprovação integral dos projetos de lei para reajuste de servidores, de cerca de 50%.
Oliveira diz que não há um balanço da porcentagem de servidores de braços cruzados, mas que em alguns estados os resultados têm sido “satisfatórios”, com a suspensão de prazos e de audiências e atraso no andamento de processos.
O presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Gabriel Wedy, também disse que a emenda da CCJ não será suficiente para amenizar o protesto de juízes federais.
“Esse movimento é um protesto pelo descaso do Executivo ao não incluir a proposta do Supremo Tribunal Federal no projeto de Orçamento e à falta de diálogo entre os três poderes, e isso não se altera com essa emenda. Além disso, o valor é aquém do que foi pedido”.
Edição: Rivadavia Severo