Débora Zampier
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O publicitário Marcos Valério Fernandes, apontado pelo Ministério Público como o principal operador do mensalão do PT, foi alvo de outra denúncia. O Ministério Público Federal em Minas Gerais (MPF/MG) acusou o publicitário de lavagem de dinheiro. De acordo com o MPF, ele e a mulher, Renilda Fernandes de Souza, que também foi denunciada, usaram contas bancárias de uma empresa para ocultar a origem ilícita do dinheiro movimentado no esquema do mensalão.
O MPF informa que começou as investigações a partir de informações do Conselho Administrativo de Atividades Financeiras (Coaf) sobre movimentações financeiras atípicas envolvendo a empresa 2S Participações Ltda, que tem Renilda e Marcos Valério como sócios, entre setembro e novembro de 2005, ano em que as acusações sobre o suposto esquema de pagamento de propina para compra de apoio parlamentar veio à tona.
Segundo a denúncia, o Coaf detectou transferências milionárias entre contas da mulher de Marcos Valério e da 2S Participações em diferentes instituições financeiras. Depois de a Justiça autorizar a quebra de sigilo bancário, a perícia técnica descobriu que uma parcela dos recursos movimentados nas contas dos denunciados teve origem em contas que operaram o mensalão.
Para o MPF, as movimentações entre as contas tinham o objetivo de ocultar e dissimular a origem e a movimentação de recursos obtidos com os crimes apontados na Ação Penal 470, que está no Supremo Tribunal Federal e se refere às denúncias do mensalão.
O Ministério Público informa, ainda, que Marcos Valério responde a mais dez ações penais relativas a crimes financeiros apenas em Minas Gerais. Em uma delas, ele foi condenado a mais de seis anos de prisão por ter fornecido informações falsas ao Banco Central. A decisão, que saiu em setembro, é de primeira instância e admite recurso.
O advogado de Marcos Valério, Marcelo Leonardo, disse que não pode se posicionar sobre o teor da denúncia porque ainda não teve acesso ao processo, mas adiantou que o publicitário está sendo vítima de perseguição. “O MPF em Minas Gerais propõe diversas ações sobre fatos conexos e que, se procedentes, deveriam originar uma única ação envolvendo todas as circunstâncias. A distribuição de ações a conta-gotas é uma ação de perseguição destinada a dificultar, inclusive, o trabalho de defesa”.
Ele considerou “abuso de poder” o fato de a denúncia atingir a mulher de Marcos Valério que é, para ele, "apenas" uma dona de casa. “Há casos de procuradores da República que pediram absolvição dela em outros processos por terem constatado que ela nunca gerenciou empresas”, assinalou o advogado.
Edição: Vinicius Doria