Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Depois de intensos embates entre governo e indígenas na Bolívia, um acordo foi fechado hoje (24) encerrando um impasse de mais de dois meses. Para obter o consenso, o presidente boliviano, Evo Morales, aceitou negociar 16 pontos exigidos pelos líderes do movimento, inclusive a suspensão da construção de uma estrada que cortaria uma das maiores reservas indígenas do país.
Pela segunda vez, em menos de um ano, Morales mudou decisões de governo para atender às demadas sociais. Na outra ocasião, houve uma série de protestos contra o aumento do preço da gasolina e, consequentemente, das tarifas relacionadas ao combustível.
Por 65 dias, os indígenas marcharam de várias regiões da Bolívia até La Paz, uma das capitais do país. O ministro da Comunicação da Bolívia, Ivan Canelas, confirmou hoje o avanço nas negociações. "Ficou demonstrado que o diálogo é sempre a melhor maneira de resolver todos os problemas", disse Canelas. "O diálogo tem sido muito amigável e o debate, frutífero. Aprendemos muito com os nossos irmãos indígenas e acho que eles também foram capazes de descobrir o que é a administração do Estado."
Porém, Canelas avisou que outras reuniões ocorrerão para “aperfeiçoar alguns detalhes”. A principal reivindicação dos indígenas é a suspensão da construção da estrada de Villa Tunari-San Ignacio de Moxos. Segundo eles, a estrada representa uma invasão na Reserva de Isiboro Secure.
Os protestos dos indígenas ocorreram no momento em que o governo havia acabado de promover eleições para a escolha de magistrados de tribunais superiores. Na votação, houve um elevado número de abstenções que, segundo analistas políticos, demonstrou a indignação dos eleitores com o processo.
*Com informações da ABI, a agência pública de notícias da Bolívia
Edição: Vinicius Doria