Douglas Corrêa
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Preso desde 2009, o ex-vereador do Rio e sargento do Corpo de Bombeiros Cristiano Girão Matias foi condenado a 14 anos de prisão, acusado de chefiar uma milícia no bairro da Gardênia Azul, em Jacarepaguá, zona oeste da cidade.
Na sentença, o juiz Marco José Mattos Couto, em exercício na 2ª Vara Criminal de Jacarepaguá, condenou o militar pelos crimes de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. “Este magistrado sabe que o réu é miliciano. O Ministério Público sabe que o réu é miliciano. A defesa sabe que o réu é miliciano. O réu sabe que é miliciano. Logo, o caso é de evidente condenação quanto ao crime em exame.”
O juiz disse ainda que o relatório da Polícia Federal e a análise patrimonial de Cristiano Girão deixam evidente o crime de lavagem de dinheiro. “O réu adquiriu vasto patrimônio, consistente em automóveis e imóveis e, além disso, constatando-se movimentação financeira incompatível com seus rendimentos lícitos. Diante de tamanha evidência, cabia ao réu desfazer tal presunção de ilicitude, comprovando que todo o seu patrimônio tem origem lícita, o que evidentemente não ocorreu”.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, acatada pela Justiça, desde 1990, o bando cobra de comerciantes do bairro contribuições semanais, sob o pretexto do oferecer segurança, utilizando-se de ameaça, exercida com emprego de armas de fogo. A quadrilha ainda explora o transporte alternativo de passageiros, o comércio de botijões de gás e a distribuição clandestina de sinal de televisão a cabo. Os que se recusam a pagar são expulsos do local e até assassinados.
Na mesma sentença, o juiz condenou também o policial civil Wallace de Almeida Pires, o Robocop, e o militar do Corpo de Bombeiros Carlos Fernando de Souza, a sete anos de prisão em regime fechado, além de Solange Ferreira Vieira, primeira mulher de Girão, condenada a quatro anos e oito meses de reclusão. No entanto, ela vai poder recorrer da decisão em liberdade.
Edição: João Carlos Rodrigues