Para associação, mudança no sistema de classificação do trigo trará vantagens ao país

17/10/2011 - 5h25

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A mudança no sistema de classificação do trigo para efeito de remuneração do produtor, prevista para ser implantada  pelo governo federal em 2012, vai trazer vantagens ao país, ao produtor, ao moinho  e ao consumidor brasileiro, disse à Agência Brasil o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), embaixador Sergio Amaral.

“É uma mudança em que todos ganham”, destacou Amaral. “Nós estamos vivendo um momento em que o consumidor brasileiro tem maior poder aquisitivo e está buscando alimentos mais saudáveis e diversificados. E tem recursos para pagar por isso”.

O assunto será abordado no 18º Congresso Internacional do Trigo, que a Abitrigo realiza a partir de hoje (17) no Rio, com o tema Saudabilidade. Segundo o embaixador, todos vão ganhar com a mudança no sistema de classificação do trigo, “se a cadeia produtiva caminhar na direção de maior integração, maior qualidade e diversificação, no caminho de agregação de valor”.

Por isso, ele destacou a importância de que esse processo seja iniciado pelo produtor. Parte da safra de trigo nacional não encontra escoamento no mercado interno. “É quase 1 milhão de toneladas. Então,  é importante que haja um esforço comum de atender à demanda do mercado brasileiro por maior qualidade e diversidade”. Amaral acredita que essa evolução dará ao produtor melhor remuneração.

Ele defendeu que as classificações sejam “um pouco mais exigentes”, buscando melhorar a qualidade do trigo, para evitar que  o governo tenha que subsidiar o produto que não encontra mercado no país e vem sendo exportado. O presidente da Abitrigo acredita que ocorrerá uma nova etapa  na produção brasileira a partir de 2012, que não visa apenas a aumentar a quantidade, mas a melhorar a qualidade.

“E todos ganham: o produtor, que vai ter maior remuneração; o moinho, que vai ter farinha de melhor qualidade; a indústria de derivados, que vai ter melhor produto; e o governo, que não vai precisar gastar o que gasta todo ano para fazer o escoamento da produção”. Em relação ao consumidor nacional, Amaral ressaltou que ele terá um produto final mais valorizado, um trigo melhor, que é destinado à panificação. “Que é o que ele quer”.

Durante o congresso, a Abitrigo firmará convênio com produtores do Uruguai, a exemplo do que foi feito com a Argentina, especificando os tipos de trigo que têm demanda no Brasil. O objetivo é criar uma harmonização entre a oferta e a demanda, disse o presidente da instituição.

O consultor institucional da Abitrigo, Reino Pécala Rae, lembrou que a meta é ter no país classes de trigo adequadas  à demanda interna. A maior delas é por pão francês. A produção nacional de trigo para panificação, no entanto, é restrita ao norte e oeste do Paraná, a parte de São Paulo e à região do Cerrado, e não atende à demanda. Já o Rio Grande do Sul é capaz de suprir todo o mercado de trigo para a fabricação de biscoito, “e ainda sobra”.

O Brasil é um dos maiores importadores de trigo do mundo. O país importa metade da demanda, que alcança cerca de 10 milhões de toneladas por ano. “A gente batalha pela melhoria da qualidade, no sentido de que os trigos produzidos atendam às necessidades do consumidor final”, disse Rae.

Segundo o consultor da Abitrigo, o Brasil é o único país cujo governo continua pagando o trigo pela quantidade produzida e não pela qualidade. Paralelamente ao 18º Congresso Internacional do Trigo, será realizada a Feira de Negócios, com apresentação e oferta de novos produtos, equipamentos e tecnologias avançadas.

Edição: Graça Adjuto