Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As sutilezas das relações familiares estão no longa-metragem Meu País, exibido ontem (1º) na mostra competitiva do 44º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.O filme tem uma estrutura narrativa que seduz o espectador aos poucos. O diretor André Ristum consegue sensibilizar o público com uma história cheia de detalhes corriqueiros que envolvem os laços familiares.
Isso, na opinião do diretor, torna a trama universal. "Esses laços e afetos familiares envolvem invariavelmente muitas questões pelas quais todos passam de uma forma ou de outra, o que torna a história universal."
Meu País conta a história de dois irmãos ricos, Marcos, vivido por Rodrigo Santoro, e Tiago, personagem de Cauã Reymond. Após a morte do pai, interpretado por Paulo José, em uma participação especial, eles se veem diante de encruzilhadas.
Marcos retorna da Itália, onde morava há muito tempo, e comece a construir a vida de empresário. Ele acaba tendo que aprender a conviver com Tiago e a irmã, Manuela, vivida por Débora Falabella, cuja descoberta ocorreu somente após a morte do pai.
Manuela sofre de um tipo de deficiência intelectual. Isso traz para a trama uma inocência que faz o filme crescer a partir de sua entrada na história. O reencontro dos três irmãos é a parte central do drama. “É como se a trama puxasse o protagonista Marcos, meio a contragosto, para uma realidade que ele tinha que enfrentar", diz o diretor.
Embora não seja totalmente autobiográfica, há elementos no enredo que se referem à história do diretor. Ele viveu na Itália desde pequeno e há cerca de 20 anos decidiu voltar ao Brasil para conhecer suas origens.
"A semente do projeto é autobiográfica, já que a jornada do protagonista se confunde com a minha . Morava na Itália e quis entender de onde eu vinha. Era um sentimento estranho, que na época eu não entendia bem, mas busquei saber”, diz Ristum.
Entre idas e vindas entre a Itália e o Brasil, ele teve a ideia de levar isso à telona. "Meu País não se refere a um lugar especificamente, mas ao país que está dentro da gente.”
O filme não é inédito. Antes do Festival de Brasília, Meu País foi exibido no Festival de Paulínia (SP) e teve forte aceitação do público. "Estava prevista apenas uma exibição, mas lotou e a gente acabou fazendo uma segunda exibição.”
Edição: João Carlos Rodrigues