Da BBC Brasil
Brasília - Em mais um dia de queda nos mercados financeiros ao redor do mundo, o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, disse que o mundo está em uma “zona de perigo” e que a crise da dívida em países desenvolvidos pode se espalhar para emergentes.
“Ainda acho improvável um segundo mergulho recessivo das maiores economias do mundo, mas minha confiança nisso está sendo erodida diariamente pelas notícias econômicas”, declarou Zoellick, durante o encontro do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, em Washington, nesta quinta-feira (22).
“Uma crise feita no mundo desenvolvido poderia se tornar uma crise para países emergentes. Europa, Japão e Estados Unidos têm de agir para enfrentar seus grandes problemas econômicos antes que eles se tornem problemas maiores para o resto do mundo”, disse.
Ainda no encontro desta quinta-feira, Zoellick disse que os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) devem se concentrar em medidas internas e pediu que evitem a tentação do protecionismo.
Segundo Zoellick, após um período de alta durante o ápice da crise econômica mundial, o protecionismo registrou queda recentemente, devido às pressões inflacionárias em muitos países, mas pode voltar a crescer.
"Não deixem os países navegarem para o protecionismo", disse. "Haverá a tentação de alguns países de começar a proteger suas indústrias manufatureiras".
O presidente do Banco Mundial, porém, lembrou que, no caso do Brasil, a indústria vem enfrentando dificuldades devido à pressão provocadas pela valorização do real ante o dólar.
Zoellick citou ainda a necessidade de reformas estruturais nos países da América Latina, para que possam diversificar suas economias, já que a demanda por produtos agrícolas pode não se manter em alta indefinidamente.
As advertências de Zoellick foram ecoadas por Christine Lagarde, diretora-gerente do FMI, que disse que a situação econômica global está em uma posição “perigosa” e que o caminho rumo à recuperação é "mais estreito do que três anos atrás".
Lagarde ainda afirmou que os líderes internacionais devem agir rapidamente em termos de consolidação fiscal, controle de dívidas internas e reformas do setor público.