Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A direção dos Correios está propondo que os trabalhadores em greve desde a última quarta-feira (14) suspendam o movimento para retomar as negociações sobre reajuste salarial. A empresa reapresentou a proposta oferecida antes da greve, que prevê reajuste de 6,87%, mais aumento real de R$ 50 e abono de R$ 800.
“A continuidade da paralisação prejudica quem está trabalhando, pela sobrecarga de trabalho; a população, que não é atendida plenamente pelos nossos serviços; e os grevistas, que perdem os dias parados”, diz a nota divulgada pela empresa. De acordo com os Correios, a adesão dos trabalhadores caiu dos 22% registrados ontem (21) para 19% hoje. Mas a estimativa dos grevistas é que cerca de 70% dos funcionários estão sem trabalhar.
Os trabalhadores aprovaram hoje em assembleias por todo o país uma contraproposta com novas reivindicações. Segundo o diretor da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect), José Gonçalves de Almeida, a proposta que será apresentada amanhã (23) à diretoria da empresa prevê uma diminuição de R$ 400 para R$ 200 no reajuste linear que estava sendo pedido, além da redução do aumento do vale-cesta e do vale-refeição.
A categoria exige, no entanto, a contratação imediata de todos os aprovados no último concurso público dos Correios. Os trabalhadores também querem a reposição da inflação de 7,16% e o aumento do piso salarial de R$ 807 para R$ 1.635.
Segundo a empresa, a contraproposta que a Fentect está levando para aprovação nas assembleias é praticamente a mesma apresentada no início das negociações. O impacto dessas exigências nas contas dos Correios chega a R$ 4,3 bilhões, o que representa um aumento de 70% na folha de pagamento.
De acordo com os Correios, desde o início da greve a média de atraso nas entregas é de 35%. Os Correios entregam todos os dias 35 milhões de objetos, entre correspondências e encomendas. Os serviços de Sedex 10, Sedex Hoje e Disque Coleta foram suspensos, já que funcionam com horários marcados para a entrega.
No próximo fim de semana os Correios vão realizar mais um mutirão nacional para colocar em dia a entrega de correspondência. No mutirão do último fim de semana, foi feita a triagem de 20 milhões de objetos e a entrega de 2,5 milhões.
No caso de contas e boletos entregues com atraso por causa da greve, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) recomenda o contato com a empresa credora para solicitar outra forma de pagamento, como a emissão de segunda via por meio de fax, e-mail, ou pelo site da empresa. Também pode ser solicitada a prorrogação do vencimento, para evitar a cobrança de juros e multas ou a suspensão na prestação de serviços.
Edição: Aécio Amado//Matéria alterada para corrigir informação às 7h40 de sexta-feira (23).