Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A emissão de títulos e a alta do dólar fizeram a Dívida Pública Federal (DPF) subir 1,96% em agosto. De acordo com dados do Tesouro Nacional divulgados há pouco, o estoque da DPF passou de R$ 1,734 trilhão em julho para R$ 1,768 trilhão no mês passado.
A dívida pública mobiliária (em títulos) interna subiu 2%, passando de R$ 1,659 trilhão para R$ 1,692 trilhão. Isso ocorreu porque o Tesouro emitiu R$ 16,34 bilhões em títulos a mais do que resgatou. A alta também foi impulsionada pela incorporação de R$ 16,8 bilhões em taxas de juros.
O reconhecimento de juros ocorre porque a correção que o Tesouro se compromete a pagar aos investidores (que emprestam dinheiro para que o governo possa rolar a dívida) é incorporada gradualmente ao valor devido. No caso de um investidor que comprou um título por R$ 100 com correção de 12% ao ano, ele receberá R$ 964 ao final de 20 anos. Essa diferença é incorporada mês a mês ao total da dívida pública.
A alta do dólar também pressionou a dívida pública externa. De acordo com o Tesouro, a valorização de 1,98% da moeda norte-americana diante do real fez a dívida pública externa subir 1,07%, encerrando agosto em R$ 75,43 bilhões, contra R$ 74,64 bilhões registrados no mês anterior. Mesmo assim, menos que em dezembro do ano passado, quando o estoque estava em R$ 90,1 bilhões.
O lançamento de títulos prefixados (papéis com juros definidos antecipadamente) fez a participação desses papéis na dívida interna subir de 35,35% em julho para 35,68% em agosto. A fatia dos títulos vinculados à taxa Selic (de juros básicos da economia) caiu de 35,03% para 34,83%. A participação dos títulos corrigidos pela inflação também registrou queda, de 30,06% para 29,86%. Esses números levam em conta as operações de swap pelo Banco Central (BC), que são operações de compra ou venda de dólar no mercado futuro e que têm impacto na dívida pública.
A parcela vinculada ao câmbio na dívida interna ficou negativa em 0,37%. Por causa da retomada, pelo BC, das operações de swap reverso (de compra de dólar no mercado futuro), desde o início do ano, o país deixou de ser devedor no câmbio no mercado interno e passou a credor. Essas operações, no entanto, foram interrompidas ontem (21) por causa da disparada do dólar verificada nos últimos dias.
Com a taxa definida com antecedência, os títulos prefixados são preferíveis para o Tesouro Nacional porque dão maior previsibilidade à administração da dívida pública. Em contrapartida, os papéis vinculados à Selic representam mais risco porque pressionam a dívida para cima em ciclos de alta dos juros básicos.
O prazo médio da DPF caiu de 3,77 anos em julho para 3,71 anos em agosto. O Tesouro Nacional não divulga o resultado em meses, apenas em anos. A participação dos vencimentos nos próximos 12 meses aumentou de 21,79% para 23,47%. Prazos mais longos são favoráveis para o Tesouro porque dão ao governo mais tempo para planejar e executar as operações de renegociação (rolagem) da dívida pública.
Por meio da dívida pública, o governo pega emprestado recursos dos investidores para honrar compromissos. Em troca, se compromete a devolver os recursos com alguma correção, que pode ser definida com antecedência, no caso dos títulos prefixados, ou seguir a variação da taxa Selic (juros básicos), da inflação ou do câmbio.
Edição: Vinicius Doria