Oficinas capacitam artistas de comunidades pobres do Rio para editais de projetos nas áreas de inclusão digital e do funk

01/09/2011 - 17h48

Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Moradores da Cidade de Deus, comunidade da zona oeste do Rio de Janeiro, receberam, hoje (1º), orientações sobre como desenvolver projetos de criação artística na área do movimento funk e de inclusão digital que podem ser financiados pelo governo do estado. A proposta das oficinas itinerantes, chamada de Caravana do Funk e da Cultura Digital, é ensinar como as populações de comunidades populares podem participar dos editais.

“A ideia é estimular as pessoas. Fazer com que elas acreditem que o edital é aberto o suficiente para que participem, e que não é só pra quem já está organizado ou tem experiência de captação de recursos”, disse Écio Salles, representante da Superintendência de Cultura e Sociedade da Secretaria de Cultura do estado.

Segundo Salles, no caso do funk, serão selecionados 25 projetos que vão receber R$ 20 mil cada. As ideias de como promover o movimento podem estar dividas entre cinco categorias, como a de produção musical, circulação artística, audiovisual, comunicação e memória. “Acho que os projetos vão ser marcados pela inventividade e pela diversidade. O grande barato deste edital é que é capaz de atender a todas as possibilidades de criação a partir do funk”, completou.

A universitária Jennifer Teixeira, cantora de funk há seis anos, conseguiu melhorar financeiramente, levando a sua música para vários cantos do Rio de Janeiro e de outras capitais como Brasília, Porto Alegre, São Paulo e Espírito Santo. Segundo ela, foi preciso muito esforço para vencer sozinha, e agora quer mostrar para outros artistas da Cidade de Deus que o sucesso é possível.

“Estou com um projeto que ajuda os artistas novos a se estruturarem para entrar no mercado, que é amplo. Dá para fazer show pelo Brasil todo e até no exterior. Muita gente tem talento e não tem oportunidade. Meu projeto é agenciar os artistas da comunidade, mas sem exploração. Geralmente o monopólio [principais produtores do movimento funk] pega 50% da renda desses artistas. No meu projeto a gente tira 30%, sendo que 20% voltam para a comunidade, para construção de novos projetos ou cursos”, disse.

No caso do edital de Cultura Digital, a proposta é transformar as lan houses ou telecentros em espaços de criação. Os 20 projetos que serão selecionados receberão, cada, R$ 30 mil. Eles devem prever iniciativas como, por exemplo, na área de reciclagem, com a reutilização de equipamentos eletrônicos descartados, o chamado lixo eletrônico, para, por exemplo, criar obras de arte e esculturas. Também serão financiadas ideias como a de uso de uma lan house como espaço para cursos, exposições e projeções ou ainda, uma oficina para produção de material audiovisual e de outras mídias.

Adriano Belizário, da Gerência de Cultura Digital da Secretaria de Cultura, declarou que é importante que o projeto considere a participação da população local e que envolva o uso de softwares livres. “É importante que sejam ações que não se encerrem nelas mesmas, mas que pensem, a longo prazo, como podem contribuir para que as lan houses ou telecentros se transformem em espaços de criação cultural e não só de acesso à internet”.

 

Edição: Aécio Amado