Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Ricardo de Maya Simões, vê com “muita apreensão” os próximos leilões de energia A-3 (com início de suprimento três anos após a contratação) e de reserva, programados para os dias 17 e 18 deste mês.
“O governo colocou todas as fontes [nos leilões] para competir, e nós entendemos que deveria haver um leilão exclusivo para [a energia] eólica”, disse à Agência Brasil. Um total de 240 projetos de parques geradores eólicos foi habilitado para os leilões, correspondendo a uma oferta de 6.052 megawatts (MW) de energia.
De acordo com Simões, 6 mil MW de potência instalada geram competição suficiente para não comprometer a modicidade tarifária. “[Eles] proporcionam a existência de um mercado que precisa se expandir, para consolidar essa atração de investimentos e de fabricantes de aerogeradores e componentes [para o fornecimento] de energia eólica que estão vindo para o Brasil por causa dos leilões.”
Segundo o presidente da Abeeólica, essas indústrias estão se instalando no Brasil porque veem o país como uma janela de oportunidades, uma vez que nos mercados tradicionais, como a Europa e os Estados Unidos, há retração da demanda. Em contrapartida, o Brasil contratou 4 mil MW entre dezembro de 2009 e agosto de 2010.
Simões destacou a necessidade de consolidação desses investimentos. “Estamos preocupados com a consolidação do setor [eólico], das indústrias e desses empregos. Então, a gente defende que o leilão deveria ser exclusivo para [energia] eólica, por isso, estamos apreensivos com a concorrência, notadamente com o gás natural.”
Ele acredita que um leilão específico para energia eólica poderia resultar em redução de preço para o consumidor final. “Vamos tomar como exemplo o leilão de 2009. Ele teve um deságio gigantesco e era exclusivo para energia eólica. Existe uma concorrência no próprio setor que proporciona a queda de preço.”
Realizado em dezembro de 2009, o primeiro leilão de energia eólica no Brasil obteve preço médio do megawatt de R$ 148,39. O valor foi 21,5% inferior ao teto fixado pelo Ministério de Minas e Energia.
A potência eólica instalada no Brasil é, atualmente, 1 gigawatt (GW) ou o equivalente a mil MW. Até 2013, esse número deverá evoluir para 5 mil MW, em função dos leilões, disse Simões. Ele observou que o resultado dos leilões da próxima semana poderá levar a um crescimento ainda maior da capacidade instalada projetada.
Os investimentos previstos pelo setor eólico alcançam R$ 25 bilhões até 2013.
Edição: Juliana Andrade