Alunos entendem mais de computador e internet do que professores, mostra pesquisa

09/08/2011 - 18h33

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O uso das tecnologias de informação e comunicação (TICs) nas escolas ainda é desafio para boa parte dos professores. Pesquisa divulgada hoje (9) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) mostra que 64% dos docentes entrevistados acreditam que os alunos entendem mais de computador e internet do que eles próprios.

Diretores, coordenadores pedagógicos e professores apontam a faltam de infraestrutura adequada como um dos fatores de limitação para o uso efetivo da tecnologia no aprendizado. Entre os problemas, foram citadas a baixa velocidade de conexão de internet e o número insuficiente de computadores conectados.

A pesquisa entrevistou 1,5 mil professores e quase 5 mil alunos de 497 escolas para identificar os usos da internet na rotina do ensino público do país. Segundo o CGI.br, 100% das unidades da rede em área urbana estão equipadas com computadores e 92% têm acesso à internet. Em média, os colégios tinham 23 computadores instalados e 18 em funcionamento. Para 75% dos docentes entrevistados, a principal fonte de apoio para o desenvolvimento de suas habilidades tecnológicas são os contatos informais com outros educadores.

Na avaliação do diretor de Formulação de Conteúdos Pedagógicos do Ministério da Educação (MEC), Sérgio Gotti, é natural que os professores aprendam com seus alunos e colegas em função da velocidade com que as tecnologias evoluem atualmente. O ministério conta com um programa de capacitação para o uso do computador que já formou mais de 300 mil profissionais, mas, segundo Gotti, é impossível que esse curso seja a única fonte de formação e atualização dos docentes.

“O professor precisa sempre estar procurando novas formas de atualização, até mesmo pela internet, mas principalmente com os seus alunos, com a nova geração”, assinala. “Quando a gente olha a questão do uso do computador, bem ou mal a gente nota que há um incremento na utilização em função do que é o aluno do século 21, que está muito mais antenado nessa questão e, de uma certa forma, induz o professor a incorporar essas tecnologias.”

Das escolas que participaram da pesquisa, 81% têm laboratório de informática, mas 14% não contam com conexão à rede. Apenas 4% das salas de aula têm computador. O local da escola em que a máquina está mais presente é na sala do diretor ou coordenador pedagógico (88%).

Para o Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic.br), que coordenou os estudos, o modelo de acesso às TICs via laboratório de informática precisa ser superado para que o computador seja inserido na rotina de aprendizagem da sala de aula.

Gotti não acredita que o laboratório de informática deva ser aposentado, mas defende que novas tecnologias sejam incorporadas à sala de aula. Ele cita como exemplo o Programa Um Computador por Aluno (UCA), que desde o ano passado disponibiliza uma linha de financiamento para que estados e municípios comprem a custo mais baixo laptops para serem usados individualmente pelos alunos. Segundo o diretor do MEC, cerca de 250 mil equipamentos já foram adquiridos pelas redes de ensino. O ministério já estuda a possibilidade do uso de tablets em sala de aula, mas ainda não há definição de qual seria a política adequada.

“O entendimento é que precisamos expandir essa questão da utilização do computador e o laboratório continuará existindo, porque tem outras funções e pode ser usado como biblioteca virtual, espaço de consulta para o professor, o aluno e a área administrativa. As políticas são complementares e temos que nos aproximar das tecnologias da forma mais rápida possível”, diz Gotti.

Edição: João Carlos Rodrigues