Daniel Lima, Luciene Cruz, Pedro Peduzzi e Yara Aquino
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje (2) que o Plano Brasil Maior é um conjunto de medidas para fortalecer a indústria brasileira e dar a ela condições de competir “no ambiente adverso em que estamos vivendo hoje”. O plano representa a nova política industrial, tecnológica, de serviços e de comércio exterior do governo federal e define, entre outros pontos, medidas para combater a competição desleal dos produtos importados, sem qualidade e com preços superficialmente baixos.
No discurso durante o lançamento do plano, o ministro defendeu que o Brasil continue a respeitar as regras de livre comércio da Organização Mundial do Comércio (OMC), mas destacou que é importante tomar medidas que deem à indústria nacional mais condições de “competir em pé de igualdade” com as importações.
Mantega voltou a lembrar que o mundo está em crise e os problemas que se arrastam desde 2008 não devem ser resolvidos no curto prazo. “Pelo contrário, temos vistos nas últimas semana os Estados Unidos à beira de um default [calote da dívida], algo que nunca tínhamos vista na história.” Outro problema, segundo ele, é a crise nos países da zona do euro, que têm dívida pública elevada.
O ministro disse ainda que o cenário atual prejudica o setor manufatureiro, principalmente nos principais países considerados avançados. Ele acrescentou que mesmo nos países emergentes, que conseguiram sair da crise, há problemas de exportações e para o cumprimento de metas que permitam o crescimento da economia.
“Vemos hoje a indústria manufatureira mundial se defrontando com uma grande capacidade ociosa e buscando mercado a qualquer custo. Eu diria que nós estamos em um cenário de concorrência predatória no mundo.”
O ministro criticou ainda a guerra cambial, que tem feito com que os países avançados prejudiquem, inclusive, a indústria brasileira.“Os países avançados têm praticado política cambial que manipula o dólar para aumentar a competitividade na chamada guerra cambial. Os Estados Unidos, com sua política monetária expansionista, estão baixando o valor do dólar.”
Essa prática, na avaliação de Mantega, só resolve a crise fora dos Estados Unidos, aumentando as exportações, mas não soluciona a crise doméstica do país.
“Nós temos combatido com medidas para evitar que o real se valorize mais do que o dólar. E, se não tivéssemos tomado essa medida, em um momento em que o dólar estava derretendo, acredito que iria ficar abaixo de R$ 1,50 no Brasil”. Mantega admitiu que a situação atual é uma “luta difícil, diante de uma crise prolongada e que por isso não basta apenas medidas cambiais, mas sim que fortaleçam industria nacional”.
Edição: Juliana Andrade
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