Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Mesmo com todas as medidas de estímulo à indústria brasileira, o país vai continuar importando muito, na opinião do economista Armando Castelar, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Em entrevista à Agência Brasil, Castelar disse que, enquanto as economias mundiais estiverem crescendo pouco e o Brasil mantiver um crescimento relativamente forte, com a indústria operando com a capacidade em um patamar alto e com câmbio favorável, as importações vão continuar crescendo.
“A força do câmbio é muito grande e, em parte, muito favorável à indústria [brasileira], que vem importando aparelhos e máquinas a preços bastante atraentes, o que tem permitido uma modernização do setor industrial brasileiro”, disse o economista, ao lembrar que a pesquisa e o desenvolvimento, no setor de máquinas e equipamentos, são concentrados em poucos países. “É importante completar a produção doméstica com produtos importados.”
Apesar da previsão de continuidade de crescentes entradas de produtos de fora no mercado brasileiro, Castelar acredita que as medidas anunciadas hoje (2), pela presidenta Dilma Rousseff, vão ajudar a indústria brasileira a se fortalecer e superar os impactos que vêm sofrendo com a valorização do real, diante da baixa do dólar.
Ele destacou ainda o anúncio da desoneração da folha de pagamento dos setores calçadista, têxtil e moveleiro. Para o economista, a seleção desses três setores como passo inicial para a implementação da medida é o ideal, considerando o objetivo do governo de compensar a perda de competitividade pela valorização do câmbio. Mas a desoneração, na avaliação de Castelar, precisa ser discutida para além da questão cambial e pode ser “testada” em outros setores.
Para o economista, a desoneração da folha é uma das decisões de maior relevância para a economia brasileira. “Vai ser uma mudança importante não apenas na política industrial, mas também na forma de financiamento da Previdência, no custo de mão de obra no Brasil, na formalidade e informalidade. A informalidade pode cair muito rapidamente no Brasil se [a tributação] passar para o faturamento, tirando da folha”.
Edição: Lana Cristina