Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - “Mentiras deslavadas”. Assim o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, classificou hoje (1º) as denúncias feitas pelo ex-diretor financeiro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) Oscar Jucá Neto à Veja. Em entrevista publicada pela revista esta semana, ele disse que “a Conab é pior que o Dnit [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes]”, ao fazer uma comparação com as denúncias de corrupção no setor de transportes.
Irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá, do PMDB, o mesmo partido de Rossi, Oscar Jucá disse à Veja que lhe foram oferecidas vantagens pelo ministro para ficar quieto [sobre irregularidades na Conab]. “São elucubrações e mentiras deslavadas”, reagiu o ministro. Ele também negou que as denúncias de Oscar Jucá tenham provocado uma crise no ministério. Rossi informou ainda que enviou ofício aos líderes no PMDB no Congresso para que possa ir prestar esclarecimentos à Casa.
“Pego em um flagrante irregularidade grave e tendo sido responsabilizado por isso, ele tentou transformar um caso administrativo, em que todas as providências foram tomadas, em um grande caso político”, disse o ministro, durante coletiva de imprensa. Segundo Rossi, esse foi o único episódio em que recursos públicos da Conab foram desviados para outra finalidade e que auditorias internas e externas são feitas regularmente no órgão.
De acordo com Rossi, o ex-diretor financeiro entrou no sistema da Conab e transferiu irregularmente R$ 8 milhões para a conta de uma empresa de armazéns que está em nome de “laranjas”. Pelas normas da companhia, segundo o ministro, todo pagamento acima de R$ 50 mil deve ser encaminhado para avaliação da Advocacia-Geral da União (AGU), além da diretoria colegiada da Conab e do Ministério da Agricultura, antes de ser liberado, o que não aconteceu. A irregularidade chegou ao seu conhecimento a partir de uma denúncia de um funcionário da Conab.
Durante a coletiva, o ministro apresentou documentos que, segundo ele, provam que as acusações de Jucá Neto sobre irregularidades na Conab, na venda de um terreno leiloado por R$ 8,1 milhões e sobre uma dívida com a empresa Caramuru Alimentos no valor de R$ R$ 14,9 milhões, são infundadas.
Rossi garantiu também que não houve briga alguma, por causa do episódio, entre o vice-presidente Michel Temer – um dos principais nomes do PMDB - e o líder do governo Romero Jucá. Segundo o ministro, Jucá apenas lhe falou "que tomasse as providências que achasse conveniente e que, se possível, minimizasse os danos para o irmão dele, o que é natural". Rossi disse que então deu a Oscar Jucá a oportunidade para que pedisse demissão.
Edição: João Carlos Rodrigues