Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Mais de 500 artistas fizeram hoje (01) uma passeata pelas ruas de São Paulo em protesto contra a política cultural do país. Depois de ocupar, por uma semana, a sede da Fundação Nacional de Artes (Funarte), no bairro de Campos Elíseos, no centro da capital, os manifestantes decidiram deixar o prédio na tarde de hoje (1º) e seguir em caminhada até a Avenida Paulista. Segundo os artistas, a Funarte não será mais ocupada, mas a mobilização contra a política cultural vai continuar com outras manifestações.
“Estamos cansados de ver esse país não ter um projeto à altura da manifestação cultural de seu povo”, disse o artista José Abrão, que participou do protesto.
Em uma página criada na internet, os artistas publicaram um manifesto contra a política cultural do Brasil. Para os organizadores do movimento, “a produção artística vive uma situação de estrangulamento que é resultado da mercantilização imposta à cultura e à sociedade brasileiras. O Estado prioriza o capital e os governos municipais, estaduais e federal teimam em privatizar a cultura, a saúde e a educação”.
As duas principais reclamações dos artistas dizem respeito à Lei Rouanet de Incentivo à Cultura e ao contingenciamento das verbas para a área da cultura pelo governo federal. “Em 2011, a cultura sofreu mais um ataque: um corte de dois terços de sua verba anual. De 0,2% ou R$ 2,2 bilhões foi para 0,06% ou R$ 800 milhões do Orçamento Geral da União, em um momento de prosperidade da economia brasileira. Essa regressão implicou na suspensão de todos os editais federais de incentivo à cultura no país, num processo claro de destruição das poucas conquistas da categoria. Enquanto isso, a renúncia fiscal da Lei Rouanet não sofreu qualquer alteração apesar das inúmeras críticas de toda a sociedade”, segundo o manifesto publicado na internet.
Edição: Vinicius Doria