Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Equipes da Defesa Civil de São Paulo estão vistoriando desde o início da manhã de hoje (8) a área que atingida ontem (7) por um deslizamento de terra, no Morro dos Macacos, em Cidade Ademar, na zona sul. Segundo a Defesa Civil, dos mais de 50 imóveis interditados ontem (7), 24 continuam fechados para os moradores.
No deslizamento, morreram uma jovem de 17 anos de idade, que estava grávida, e um menino de três anos. Dois adolescentes de 15 e 16 anos ficaram feridos. Dez casas foram afetadas e terão que ser demolidas.
O promotor de Justiça de Habitação e Urbanismo Maurício Antonio Ribeiro Lopes instaurou um inquérito civil para apurar se houve imperícia e negligência nas obras de contenção de encostas que estavam sendo feitas no local pela Secretaria de Habitação. Para os moradores, as obras podem ter contribuído para o acidente.
A subprefeitura de Cidade Ademar e a Secretaria Municipal de Habitação tem 15 dias para responder às solicitações feitas pelo promotor.
Segundo a prefeitura, a urbanização do Morro dos Macacos teve início em 2010. Na área, invadida na década de 1980 e considerada de alto risco de deslizamento, moram cerca de 2 mil pessoas. A Secretaria Municipal de Habitação informou que 422 das 500 famílias que moram no morro aceitaram o auxílio-aluguel oferecido pela prefeitura paulistana, no valor de R$ 300 mensais. Essas famílias vão receber, posteriormente, moradias que serão construídas na região.
No local onde ocorreu o acidente, além do trabalho de contenção de enconstas, também estavam sendo feitas obras de drenagem, coleta de esgoto, canalização de córrego e de construção de unidades habitacionais. As obras continuarão sendo feitas por meio do Programa Mananciais e a previsão é que sejam concluídas até o fim do ano que vem.
Um mapeamento feito pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para a prefeitura de São Paulo no ano passado concluiu que há 407 áreas de risco na capital: 176 na região sul, 107 na região norte, 100 na leste e 24 na oeste. De acordo com o mapeamento, divulgado em fevereiro, 27% das moradias estão instaladas em áreas de alto ou muito alto risco, o que corresponde a cerca de 29 mil moradias ou aproximadamente 115 mil habitantes. Nos setores de risco médio e baixo está concentrada a maioria das moradias: 73%, que representam mais de 105 mil unidades residenciais.
Só em Cidade Ademar, onde ontem ocorreu o acidente, 24 áreas de risco foram mapeadas pelo IPT. As áreas de risco da capital, inclusive as de Cidade Ademar, estão listadas na página da prefeitura paulistana na internet.
Edição: Vinicius Doria