Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Com o lema "Amai-vos Uns aos Outros: Basta de Homofobia", a 15ª Parada do Orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) começou ao meio-dia de hoje (26) na Avenida Paulista, em São Paulo, prometendo discutir, entre o agito dos trios elétricos, o posicionamento de grupos religiosos que são contrários à aprovação do Projeto de Lei Complementar (PLC) 122, que criminaliza a homofobia.
“Não é um carnaval fora de época, é uma festa da cidadania”, disse Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT).
Segundo ele, a expectativa é que o projeto de lei seja aprovado, apesar do grande protesto feito pelos grupos religiosos no Congresso Nacional. “Estamos vendo que tem um pequeno setor, fundamentalista, que vamos ter que ir para o voto. Mas a grande maioria é favorável”, disse. Reis lembrou que existem atualmente 75 países que criminalizam a homossexualidade e sete em que são aplicadas pena de morte para homossexuais.
Toni Reis foi um dos primeiros homossexuais que legalizaram sua relação homoafetiva após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. “Peço um parabéns ao Supremo Tribunal Federal e que todas as energias positivas do STF cheguem ao Congresso Nacional, porque queremos que aprovem a criminalização da homofobia. Não podemos admitir que existam pessoas que incitem a violência, que discriminem ou espanquem [homossexuais]”, afirmou.
Ideraldo Beltrame, presidente da Associação da Parada GLBT (APOGLBT), destacou o evento como uma maneira de alertar a sociedade sobre as dificuldades enfrentadas pelo público gay. “Ao completar 15 anos de parada, que esse début, esse grito de passagem e essa transformação sejam para a gente pensar que a maior demanda do movimento, além da criminalização da homofobia, é garantir os direitos das nossos companheiros travestis e transexuais, que são a parte mais frágil do movimento”, disse
Para comemorar os 15 anos do evento,os organizadores vão propor que o público dance uma grande valsa para entrepara o Guinness Book (Livro dos Recordes) como o maior espetáculo de valsa ao ar livre.
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, disse que a parada está cada vez mais organizada. “É uma demonstração de cidadania de todos os brasileiros que aqui vivem e que querem uma cidade, um país e um mundo cada vez mais voltado para ações de cidadania, mostrando que a grande maioria dos brasileiros respeita a diversidade e os direitos humanos”.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse que o evento vai contar com um efetivo policial formado por 1,5 mil homens e que a segurança estará garantida, apesar do jogo, esta tarde, entre Corinthians e São Paulo, no Estádio do Pacaembu, próximo ao local estará ocorrendo a parada. “Difícil proibir o jogo ou a parada. Não há como proibir isso. É direito das pessoas. E a polícia tem a experiência nesse trabalho”, disse.
Alckmin destacou ainda que o evento traz vários benefícios econômicos para São Paulo, já que entram “mais de R$ 200 milhões na economia da cidade”. Ele também ressaltou a movimentação de turistas, inclusive de outros países, e a importância da parada para a cidadania, “no sentido de se estabelecer direitos, de se evitar intolerância, de se avançar no arcabouço jurídico”.
Com um vestido rosa, cheio de brilho, e se definindo como uma debutante drag queen, a cantora Preta Gil, diva da parada deste ano, falou que também está na luta pela defesa da lei. “Queremos comemorar o que conseguimos até hoje e continuar a batalha pela aprovação da lei, pela criminalização da homofobia. Esta é a minha luta”.
Edição: Aécio Amado