Paulo Machado
Ouvidor da Agência Brasil
Brasília - A frase foi enviada pela leitora Teresa Cristina ao elogiar a reportagem especial da Agência Brasil por ocasião da passagem do Dia do Cigano, 24 de maio: “Quero parabenizar os repórteres que elaboraram a série especial sobre os ciganos. A matéria é excelente e muito bem apurada. Acho que alguém tinha de denunciar a falta de direitos deles e o preconceito contra esse povo. Parabéns!”
Em vigor, desde julho de 2010, o Estatuto da Igualdade Racial até agora não produziu muitos efeitos práticos no que tange às políticas públicas, principalmente em se tratando dos povos ciganos.
Pelo menos na mídia, os efeitos são irrelevantes, segundo o que está sendo constatado pela pesquisa Faces do Brasil, realizada em parceria entre a organização Omi-Dùdú e o grupo Etnomídia da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom/UFBA).
Em um relatório preliminar baseado em dados coletados a partir da leitura crítica de 506 matérias sobre ciganos, povos indígenas e negros, em 12 jornais e cinco revistas, entre os meses de outubro e dezembro de 2010, chegou-se à conclusão de que a “Imprensa brasileira ignora Estatuto da Igualdade Racial” (*). Os ciganos aparecem em apenas 1,5% das matérias pesquisadas.
Mas a Agência Brasil, ao produzir a reportagem elogiada pela leitora, mostra-se como uma grata exceção à imprensa em geral. Cumprindo com sua missão, pautou o assunto e aprofundou-se na questão mostrando como é possível e necessário diferenciar sua pauta da dos demais veículos de comunicação, conforme observamos em nossa coluna anterior Ajustando a sintonia com os leitores .
Nas sete matérias publicadas pela ABr foram ouvidas 24 fontes das quais 70% são ciganos das diversas etnias: 3 líderes de associações ciganas, 1 líder de acampamento, 3 profissionais liberais e 7 moradores de acampamentos.
O especial multimídia disponibiliza: galeria de fotos, áudios de entrevistas, infográficos de fácil navegação e textos nos quais são narrados a trajetória do povo ao longo dos séculos, aspectos de sua cultura, seus símbolos e costumes.
Um enfoque especial é dado à ausência de políticas públicas que atendam suas necessidades básicas e aos preconceitos e discriminações que enfrentam por parte de nossa sociedade.
A reportagem marca o retorno dos recursos multimídia à Agência Brasil. Da mesma forma, os leitores ontem, 2 de junho, puderam assistir ao vivo as imagens do lançamento da campanha Brasil sem Miséria transmitidas pela TV NBr.
Com os recentes melhoramentos tecnológicos que estão sendo implementados aos poucos o site volta a desempenhar seu papel integrador e disseminador dos conteúdos produzidos pelos diferentes veículos da EBC.
Até a próxima semana.
(*) - Disponível em: http://www.direitoacomunicacao.org.br/content.php?option=com_content&task=view&id=7836