Da Agência Lusa
Brasília - O presidente norte-americano, Barack Obama, defendeu hoje (22) perante o principal grupo de pressão pró-israelense nos Estados Unidos que Israel deve reabrir as negociações para um acordo de paz com os palestinos com base nas fronteiras de 1967.
No seu primeiro discurso como presidente, no congresso anual do Comitê EUA-Israel de Negócios Públicos (Aipac na sigla em inglês), Obama disse que os laços que unem seu país a Israel são sólidos, mas insistiu que a atual situação de conflito é "insustentável" e que é necessário reabrir o processo de paz.
"Mesmo que possamos estar em desacordo, às vezes, como os amigos podem estar, os laços entre os Estados Unidos e Israel não podem ser alterados e o compromisso dos Estados Unidos para a segurança de Israel é inabalável”, disse Obama, assegurando que a ajuda militar norte-americana vai continuar.
Mas, Israel vai enfrentar um isolamento crescente se não houver um processo de paz crível no Oriente Médio, disse o presidente. “Não podemos dar-nos ao luxo de perder mais uma década ou duas ou três para alcançar a paz”, afirmou.
Na sua opinião, para Israel é conveniente que se chegue rapidamente a um acordo de paz devido às mudanças rápidas que ocorrem nos países árabes e ao crescimento demográfico que se regista nos territórios ocupados, o que faz com que seja cada vez mais difícil manter a paz.
Depois de na quinta-feira (19) ter defendido uma solução para o conflito israelo-árabe com dois Estados e baseado nas fronteiras de 1967, uma proposta que o governo israelense de Benjamin Netanyahu rejeitou, Obama voltou hoje a abordar a questão.
O presidente norte-americano reafirmou a ideia de um Estado palestino com base nas delimitações de 1967, mas com trocas de território acordadas entre as duas partes.
Isso, segundo ele, "significa que as duas partes, israelense e palestinos, vão negociar uma fronteira diferente da que existia a 4 de junho de 1967 [antes da Guerra dos Seis Dias]", tendo em conta "as novas realidades demográficas no terreno e as necessidades das duas partes".
Na sua intervenção, Obama garantiu que os Estados Unidos vão continuar a manter sob pressão o regime de Teerã e pediu ao grupo radical palestino Hamas para "rejeitar a violência" e reconhecer o direito de existência de Israel.
Para Obama, a recente reconciliação entre os palestinos da Fatah [que governa a Cisjordânia] e do Hamas [que tem o controle de Gaza] constitui "um enorme obstáculo para a paz".