Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Um ato político na manhã de hoje na chamada Curva do S na Rodovia PA-150, próxima à cidade de Marabá (sudeste do Pará), marca a passagem dos 15 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, quando foram mortos 19 trabalhadores sem terra e mais de 60 ficaram feridos e mutilados, durante confronto com a Polícia Militar. Os trabalhadores estavam acampados na rodovia à espera de um ônibus para fazer uma manifestação na sede do município.
Participam do ato representantes da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile e João Paulo Rodrigues. A manifestação ocorre em meio ao Abril Vermelho, a primeira manifestação do MST no governo da presidenta Dilma Rousseff, e chama a atenção para a impunidade do crime.
Desde 2005, o coronel Mario Colares Pantoja e o major José Maria Pereira de Oliveira, condenados pelo Tribunal de Justiça do Pará estão em liberdade graças a um habeas corpus obtido no Supremo Tribunal Federal (STF).
Os 142 policiais militares envolvidos na operação foram absolvidos da condenação. O MST quer que os oficiais voltem ao cumprimento da pena e os policiais absolvidos sejam submetidos a um novo juri. Uma ação do MST, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), pede a federalização do crime. A entidade também apresentou denúncia na Organização dos Estados Americanos (OEA) em razão da impunidade.
“Nos achamos que o tema da impunidade no campo é o que contribui para a violência e dá legitimidade para que outras polícias, em outros lugares, continuem atacando e matando trabalhadores rurais”, disse João Paulo Rodrigues na última quinta-feira (14) em Brasília, antes de participar do seminário na Câmara dos Deputados sobre o massacre.
O movimento fez esta semana cerca de 70 ocupações em mais de 20 estados e levantou acampamentos em dez capitais. Segundo João Paulo, o MST não quer violência nas manifestações do Abril Vermelho e abre negociação com o governo em torno de uma agenda que este ano inclui, além de intensificação da reforma agrária, a demanda ambiental como a reprovação do projeto de novo Código Florestal.
Edição: Aécio Amado