Da BBC Brasil
Brasília – A operadora da Usina Nuclear de Fukushima Daiichi, Tokyo Electric Power (Tepco), informou hoje (17) que precisará de nove meses para controlar a crise nuclear originada após o terremoto seguido de tsunami do dia 11 de março. Em entrevista coletiva em Tóquio, o presidente da Tepco, Tsunehisa Katsumata, explicou que a companhia precisará de três meses para conter os vazamentos e de nove para resfriar totalmente os reatores.
Enquanto isso, o plano é permitir às famílias evacuadas do entorno da usina que voltem às suas casas o mais rápido possível. "Pedimos sinceras desculpas pelo transtorno. Estamos fazendo o possível para evitar que a crise piore", afirmou Katsumata.
Na sexta-feira, a medição dos níveis de radiação no mar próximo do reator número 2 da usina registrou 6,5 mil vezes o limite legal, 1,1 mil vezes além do limite legal medido apenas um dia antes. O registro gerou preocupação com a possibilidade de um novo vazamento na estrutura. Desde o início do desastre, os técnicos estão impossibilitados de entrar nos edifícios dos reatores.
Hoje, a empresa enviará dois robôs controlados por controle remoto para os edifícios a fim de medir o nível de radiação e a temperatura na parte interna. Os robôs são controlados por um joystick como os de videogames e podem realizar tarefas como limpeza de detritos, demolição e teste de radiação.
O repórter da BBC Roland Buerk, que está em Tóquio, disse que a prioridade absoluta da Tepco é interromper o vazamento de água radioativa para o Oceano Pacífico. Entretanto, não se sabe se nove meses serão
suficientes para a empresa resfriar os reatores afetados em Fukushima, ressaltou Buerk.
O governo japonês tem pressionado a Tepco a liberar um cronograma de resolução da crise, agora classificada no mesmo nível de gravidade que o desastre de Chernobyl, em 1986.
Analistas estimam que a conta de recuperação pode chegar a US$ 300 bilhões – o desastre mais caro da história –, mas o governo japonês considera o valor exagerado.
Na sexta-feira, a Tepco anunciou que começará a indenizar moradores que tiveram de deixar suas casas ou ficar trancados em casa por conta da crise nuclear.