Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O setor de panificação brasileiro tem dois grandes problemas para solucionar este ano. Um é a escassez de mão de obra, disse à Agência Brasil o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip), Alexandre Pereira Silva. “Hoje, nós temos um déficit no Brasil em torno de 30 mil postos de trabalho. Faltam empregos com qualificação”. O setor é um grande empregador do chamado primeiro emprego, ressaltou Silva. “Mas, precisamos de gente com qualificação. E esse é hoje um grande gargalo do crescimento”.
Para solucionar o problema de falta de pessoal qualificado, está sendo lançado um curso de panificação a distância na 23ª Super Rio Expofood, feira do setor supermercadista do estado do Rio de Janeiro, aberta hoje (22), na capital fluminense. O curso é certificado pela Max Foods Consultoria em Panificação, principal empresa do setor no Brasil.
Em segundo lugar, listou a carga tributária excessiva. A Abip está trabalhando com o governo para tentar desonerar o pão, tirando o produto da base de cálculo do Simples, que é o imposto unificado para micro e pequenas empresas. Segundo informou Alexandre Pereira Silva, o pão apresentou no ano passado um dos menores índices de aumento de preço, 8%, enquanto o preço da carne subiu mais de 50%. “Não há nenhuma indicação de aumento acima da inflação para os próximos meses”.
De acordo com dados da Abip, o brasileiro consome, em média, 33,5 quilos de pão por habitante por ano. Embora o setor esteja crescendo nos últimos anos acima de outros segmentos, em função dos serviços diversificados oferecidos pelas padarias e confeitarias, o consumo tem se mantido estável. “Não estamos conseguindo aumentar o consumo per capita de pão, que está estagnado há quatro anos”, disse Silva. Com a desoneração do pão francês, o preço ao consumidor poderá ficar até 5% mais baixo. O presidente da Abip estima que “isso pode ser um fator de aumento do consumo, além da oferta de maior diversidade, um mix maior de produtos”.
O número de empregos do setor cresceu 3,4% no ano passado. Em todo o território, são quase 800 mil postos de trabalho. A perspectiva é de evolução do quadro de empregos. “Se nós conseguirmos melhorar a capacitação de mão de obra, a gente pode ter um crescimento maior do número de empregos”.
O Brasil tem em torno de 64 mil padarias. Os estabelecimentos se acham em processo de modernização, investindo em reforma das unidades existentes. A adoção de novas tecnologias é uma tendência crescente, na busca de técnicas avançadas de congelamento e automação, entre outros sistemas. A perspectiva do setor é crescer este ano entre 10% e 12% este ano. Em 2010, o setor experimentou expansão de 13,7% no faturamento, que alcançou R$ 56,3 bilhões.
Edição: Vinicius Doria