Da BBC Brasil
Brasília - O presidente do Iêmen Ali Abdullah Saleh demitiu todo o seu gabinete hoje (20), em meio a crescentes protestos no país contra seu governo. Neste domingo, milhares de pessoas foram às ruas na capital, Sanaa, e em outras cidades, para protestar durante os funerais de dezenas de manifestantes.
O Iêmen é mais um dos países a ser atingido pela onda de protestos pró-democracia no Oriente Médio e Norte da África. Também hoje, pessoas tomaram as ruas na Síria e no Marrocos em protestos contra o uso de artilharia contra os manifestantes.
Na última sexta-feira (18), oficiais das forças de segurança à paisana atiraram em ativistas pró-democracia no Iêmen, deixando pelo menos 45 mortos. Os protestos já duram um mês.
Horas antes da decisão do presidente Saleh de demitir seus oficiais de governo, o embaixador do país nos Estados Unidos, Abdullah Al Saidi, renunciou ao cargo em protesto contra a morte dos manifestantes.
Antes dele, os ministros dos Direitos Humanos e do Turismo, o chefe da agência de notícias estatal, o embaixador iemenita no Líbano e diversos líderes do partido dominante deixaram seus cargos pelo mesmo motivo.
Apesar da demissão em massa, o presidente pediu aos funcionários do gabinete que permaneçam em seus cargos até que um novo governo seja nomeado, segundo a agência de notícias oficial.
Neste domingo, os manifestantes se reuniram em protesto em uma praça perto da Universidade de Sanaa. Eles participaram dos funerais dos mortos na última sexta-feira e querem a retirada do presidente Saleh, no poder há 32 anos.
Saleh decretou estado de emergência no país após o confronto com manifestantes e negou que os atiradores pertenciam às forças de segurança, mas foi acusado pela oposição de presidir um "massacre".
Desde o início das manifestações, ele prometeu reformas políticas e disse que não tentará a reeleição em 2013, mas também afirmou que defenderá seu regime "com cada gota de sangue".