Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Descontraído e ensaiando algumas palavras em português, o presidente norte-americano Barack Obama, discursou hoje (20), por cerca de 22 minutos, para cerca de 2 mil pessoas e de 200 jornalistas brasileiros e estrangeiros no Theatro Municipal do Rio. Entre os convidados que acompanharam o discurso estavam autoridades, artistas, empresários, atletas, ativistas sociais e políticos.
Para o representante do Movimento Negro Abdias Nascimento, o pronunciamento foi muito bom e profundo. “Obama conseguiu tocar nas teclas mais sensíveis da alma brasileira e americana. E ele conseguiu fazer um discurso popular. Ele falou para o povo”, disse.
O presidente da Autoridade Pública Olímpica e ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles ressaltou o tom positivo do discurso em relação ao Brasil. “Certamente, ele procurou melhorar as relações do país com os Estados Unidos”, afirmou.
O ex-chanceler brasileiro Luiz Felipe Lampreia destacou a defesa que o presidente norte-americano fez dos ideais democráticos. Segundo ele, Obama também buscou ressaltar os valores compartilhados entre o Brasil e os Estados Unidos. “Foi um discurso muito positivo. Ele prometeu uma colaboração mais intensa e mais dinâmica. E foi simpático, inclusive”, disse Lampreia.
Para a ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, faltou ao discurso de Obama uma ênfase maior à questão das mudanças climáticas no mundo, apesar de ele ter mencionado rapidamente a disposição do Brasil e dos Estados Unidos de buscar fontes energéticas alternativas.
“As mudanças climáticas são o desafio deste século, de como países como os nossos podem se constituir exemplo para uma mudança no modelo de desenvolvimento. Em um país que tem 60% da Floresta Amazônica e que reúne as melhores possibilidades de fazer essas transformações, imaginava que ele pudesse dar ênfase às responsabilidades que temos com as gerações presentes e as futuras”, afirmou.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) gostou do fato de Obama ter exaltado a democracia, mas lamentou que o norte-americano não tenha falado sobre a possibilidade de suspender o embargo econômico que existe contra Cuba desde a década de 60.
“Eu gostei muito do discurso. Mas o que eu gostaria de ter visto hoje e que eu fiquei com vontade de dizer a ele, era que dissesse alguma coisa sobre o embargo a Cuba. Gostaria muito que ele aqui tivesse anunciado os passos que vai dar para acabar com o embargo. Eu espero ainda que nesta viagem à América Latina, quem sabe no Chile, ele possa anunciar isso”, disse Suplicy.
No discurso, Obama abordou temas como as semelhanças históricas entre o Brasil e os Estados Unidos, o compromisso dos dois países com a democracia, a importância cada vez maior do Brasil no cenário internacional, a manifestação popular contra as ditaduras nos países árabes, as Olimpíadas no Rio em 2016, a importância das energias renováveis e os acordos assinados com o governo brasileiro durante a visita.
Ele lembrou a participação da presidenta Dilma Rousseff na luta contra o regime militar, que controlou o Brasil entre as décadas de 60 e 80. O presidente norte-americano também citou a importância da Cinelândia como palco da luta pela democracia no país.
Ele encerrou o discurso citando o escritor brasileiro Paulo Coelho. Disse que, com “amor e vontade” é possível mudar o destino das pessoas.
Edição: Graça Adjuto