Da BBC Brasil
Brasília - A Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), organismo das Nações Unidas (ONU), afirmou nesta segunda-feira (14) que é “muito improvável” que o vazamento de radiação na Usina Nuclear de Fukushima, no Japão, tome as proporções de um acidente como o que ocorreu na Usina de Chernobyl. O acidente de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, fez com que uma nuvem de resíduos radioativos se espalhasse pela Europa. Em comunicado oficial, o diretor-geral da Aiea, o japonês Yukiya Amano, reafirmou que, até agora, os níveis da radiação que vazou dos reatores nucleares estão abaixo daqueles considerados perigosos.
“Apesar das explosões de hidrogênio, os recipientes que abrigam os reatores, que são feitos para impedir grandes vazamentos de radioatividade, continuam intactos. Por isso, o vazamento é limitado”, afirmou Amano.
O Japão pediu ajuda à Aiea para lidar com a crise, depois que explosões prejudicaram o funcionamento de dois reatores da usina e uma falha na operação de resfriamento de emergência expôs os bastões de combustível nuclear do terceiro reator. O sistema de resfriamento dos reatores nucleares da usina parou de funcionar em consequência do terremoto de 9 graus de magnitude na escala Richter, que atingiu o país na última sexta-feira (11).
Desde então, a empresa que opera a usina, Tokyo Electric Power (Tepco), pôs em prática um plano de emergência para injetar água do mar nos recipientes que abrigam os reatores e evitar o superaquecimento das instalações. No sábado (12), uma explosão provocada pelo acúmulo de hidrogênio no reator número 1 deixou três funcionários feridos.
Na manhã desta segunda-feira, uma explosão no reator número 3 da usina, que já passava pelo processo de resfriamento, deixou 11 feridos, um deles em estado grave. Horas depois, a bomba que injetava água no reator número 2 ficou sem combustível. O nível de água no reator 2 abaixou rapidamente, deixando as barras que armazenam o combustível nuclear completamente expostas por mais de uma hora. Segundo a agência de notícias Kyodo News, a Tepco chegou a informar ao governo japonês que a situação era de emergência, temendo pelo derretimento do núcleo do reator. Para evitar que isso acontecesse, os técnicos da empresa tiveram que abrir um canal de ventilação para diminuir a pressão. O processo de resfriamento da instalação já foi retomado.
Dezenas de milhares de pessoas foram evacuadas das proximidades da usina e 22 estão sob tratamento por exposição à radiação, mas o governo descartou a possibilidade de aumentar a área de evacuação no momento.
As explosões na Usina de Fukushima causaram preocupação de diversos países do mundo com suas próprias instalações nucleares. Nesta segunda-feira, o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, disse ao Parlamento local que seu governo colocou a segurança nuclear do país como assunto da mais alta importância.
O diretor de Energia da União Europeia, Guenther Oettinger, disse que os eventos no Japão mostraram claramente que a Europa precisa repensar sua política energética. Os governos da Alemanha, Suíça e Áustria também anunciaram mudanças em seus programas nucleares.