Imigrantes estão aflitos com a falta de informações sobre parentes no Japão

14/03/2011 - 18h14

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Uma comunidade de imigrantes japoneses no Brasil está em busca de informações sobre o paradeiro de cerca de 100 pessoas que permanecem desaparecidas, três dias após o violento terremoto que atingiu o Japão na última sexta-feira (11). A procura está sendo feita pela Associação Miyagui Kenjinkai do Brasil, a única organização não governamental (ONG) brasileira que reúne japoneses vindos da província de Miyagui, uma das mais atingidas pelo tsunami que se seguiu ao tremor.

Desde sexta-feira (11), quando a onda gigante atingiu o litoral da província, os cerca de 500 membros da associação estão mobilizados em busca de informações sobre parentes que ficaram no Japão e imigrantes brasileiros que para lá foram em busca de trabalho. Todas essas pessoas foram incluídas em uma lista de desaparecidos elaborada pela ONG. De acordo com o presidente da Associação Miyagui, Koichi Nakazawa, alguns nomes foram repassados hoje (14) para o governo de Miyagui. Ele disse, porém, que o próprio governo provinciano teve sua estrutura comprometida e, por isso, tem dificuldade para fornecer informações.

Nakazawa tem oito irmãos em Miyagui e, depois do terremoto, ainda não conseguiu saber como eles estão. Na sexta-feira, um amigo da família disse a Nakazawa que estavam todos bem. Mesmo assim, há três dias tentando algum contato com o Japão, o presidente da associação se diz aflito. “Estou trabalhando desde sexta-feira sem descanso. Se parar, vou ficar louco”, disse ele à Agência Brasil. “Daqui uma hora, um minuto, um segundo, pode haver outro tsunami ou terremoto. Sem notícias dos parentes, nossa preocupação só aumenta.”

A aposentada Setsuko Kato procurou a associação, na sexta-feira, para tentar um contato com os irmãos, tios e sobrinhos que vivem no Japão. Hoje, ela voltou ao local pois ainda não havia conseguido nenhuma informação. “Ligo de hora em hora, mas, até agora, nada”, lamentou.

Edição: Vinicius Doria