Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – A tradição do carnaval dos bonecões e cabeções ganha desfiles e brincadeiras diferentes em cada cidade do interior de São Paulo. Em alguns locais, a brincadeira existe há mais de um século. Em outros, os costumes de São Paulo e do Rio se misturam. Na cidade de Porto Ferreira, o carnaval é uma grande competição entre as comunidades da região envolvendo desfile dos blocos de bois.
Em São Luiz do Paraitinga, no Vale do Paraíba, essa tradição existe há mais de 100 anos. Em Iguape, uma das cidades mais antigas do Brasil, há os bonecos e sua junção com os zés-pereiras, que surge de sua forte relação com o Rio de Janeiro no século 19.
“Zé-pereira é uma grande quantidade de bumbos e pratos que fazem aquela batida supertradicional 'bum, bum, bum, Zé-pereira'”, descreveu o presidente da Comissão Paulista de Folclore, Toninho Macedo, em entrevista à Agência Brasil.
Em São Bento do Sapucaí, cidade que fica no alto da Serra da Mantiqueira, próximo ao Vale do Paraíba. “Lá, têm bonecos muito grandes, chamados de Pereirões, em referência aos zés-pereiras que passaram a acompanhá-los”, diz Macedo.
Segundo ele, em Porto Ferreira, onde há a competição com o desfile dos blocos de bois, o processo que antecede a disputa é artesanal. “A maioria dos bonecos é confeccionada com uma armação de taquara ou de bambu e, depois, revestida com várias camadas de papel, que são coladas com cola de goma”.
O presidente da Comissão Paulista de Folclore conta ainda que os bonecos são secos ao sol e os rostos são modelados, geralmente com barro, e pintados com tinta à base de látex. Por fim, os bonecos ganham roupas coloridas. “Alguns artesãos são cuidadosos e dão uma camada de verniz semifosco para não desmanchar o boneco em caso de chuva”, acrescentou Macedo.
Usando o futebol como comparação, Macedo diz que o carnaval dos bonecos é semelhante ao futebol de várzea. “O carnaval dos desfiles são grandes espetáculos. Você tem os passistas e tem a grande paixão da comunidade, mas são desfiles caros. Há uma grande plateia que ocupa as arquibancadas e fica torcendo. É como nos times de futebol: você tem os times multimilionários e o povão torcendo”, disse.
Edição: Lana Cristina