Presidente deposto da Tunísia tem bens investigados e contas bloqueadas na Suíça

19/01/2011 - 15h14

BBC Brasil

Brasília – A Promotoria Pública da Tunísia anunciou hoje (19) que há investigações no exterior sobre bens em nome do ex-presidente do país Zine Al-Abidine Ben Ali, que renunciou ao cargo na última sexta-feira (14), depois de uma série de protestos. O objetivo é investigar possíveis transações ilegais em contas bancárias. A Suíça ordenou o congelamento de todas as contas de Ben Ali no país.

O Ministério das Relações Exteriores da Suíça informou que a medida foi tomada para impedir que fossem feitos saques e para garantir ao novo governo tunisiano acesso ao dinheiro, se as investigações concluírem que ocorreu desvio ilícito. Desde que deixou o poder, Ali está refugiado na Arábia Saudita.

Os protestos ainda continuam na capital da Tunísia, Túnis, mas não há relatos de violência. Os manifestantes gritavam hoje que conseguiram retirar do poder um ditador. A alta comissária das Nações Unidas para Direitos Humanos, Navi Pillay, disse que a organização recebeu relatos de que mais de 100 pessoas morreram durante a onda de violência nas últimas cinco semanas na Tunísia.

Segundo Navi Pillay, as mortes ocorreram em decorrência de “tiros, suicídios e rebelião de detentos no fim de semana”. As Nações Unidas devem enviar à Tunísia uma comissão especializada em direitos humanos para investigar as mortes e prestar assessoria ao governo.

Ontem (18) integrantes do novo governo renunciaram. A reação foi uma resposta à insistência de representantes do antigo regime quererem permanecer nas funções. Na abertura de um encontro da Liga Árabe no Cairo, o secretário-geral, Amr Moussa, vinculou a instabilidade na Tunísia às dificuldades econômicas vividas pelos países árabes em geral.

"A alma árabe foi partida pela pobreza, desemprego e recessão, em geral", disse Moussa na abertura de um encontro da organização nesta terça-feira no Egito (18). A expectativa é que os líderes presentes ao encontro aprovem um pacote financeiro de US$ 2 bilhões para estimular suas economias.

De acordo com dados das Nações Unidas, uma em cada três pessoas no mundo árabe vive abaixo da linha da pobreza. Entre as principais causas disso, estão a corrupção e a má distribuição de renda.