OEA recomenda mudar resultado das eleições no Haiti

19/01/2011 - 16h46

Renata Giraldi, Lana Cristina e Luciana Lima*
Repórteres da Agência Brasil

Brasília e Porto Príncipe – A Comissão Especial de Verificação da Organização dos Estados Americanos (OEA) recomendou que sejam feitas novas votações no Haiti em decorrência de uma série de “irregularidades significativas” identificadas nas eleições de 28 de novembro de 2010.

A comissão aconselhou que se for decidido promover apenas o segundo turno das eleições, é necessário substituir o candidato governista Jude Celestin por Michel Martelly.

A alteração muda o resultado do primeiro turno das eleições que colocava Martelly atrás de Celestin. Segundo a comissão, houve constatação de erros em várias atas relativas ao resultado das votações e o segundo turno deve ter a opositora Mirlande Manigat e Martelly.

O segundo turno das eleições estava marcado para o último domingo (14). Mas foi adiado e a nova data ainda não está definida. Independentemente da decisão a ser definida pelas autoridades do Haiti, a OEA aconselhou que sejam recontados os votos para presidente da República e ampliada quantidade de observadores internacionais nos próximos turnos de votação.

O relatório divulgado pela OEA contém 35 páginas. A comissão concluiu que além de violência e da interrupção na votação em várias áreas do país, as eleições no Haiti apresentaram vários problemas. Faltaram seções de votação e listas de eleitores. Também foram constados números irregulares nos documentos de votação e dados inválidos.

Porém, a comissão elogiou a quinta eleição geral ocorrida no Haiti desde 1987, quando foi aprovada a nova Constituição do país. Para os especialistas, as eleições gerais – foram escolhidos o presidente da República e parlamentares – representam a consolidação do processo político haitiano.

Os especialistas indicam que as eleições são “lições para o futuro” e “fortalecimento promissor” desde que sigam reforçando o processo de forma “transparente, íntegro e legítimo”. 

Em meio ao vazio político no Haiti, o ex-presidente haitiano Jean-Claude Duvalier, conhecido como Baby Doc, voltou ao país e quer retornar à cena política. Ele foi interrogado e há indicações da Promotoria de Justiça do país que sejam instauradas ações contra o ex-líder. Baby Doc é acusado de violação dos direitos humanos, por ter determina ordens de tortura e assassinatos.

O ex-presidente deixou o Haiti em 1986, depois de uma reação popular. Por 15 anos, ele governou o país mantendo milícias e sob suspeitas de corrupção. Ao deixar o Haiti, Baby Doc seguiu para a França onde ficou exilado durante 25 anos.

*A repórter Luciana Lima viajou ao Haiti a convite do Ministério da Defesa

 

Edição: Rivadavia Severo