Evasão escolar nas regiões mais pobres do Rio exige ação de governantes, diz ONG

09/12/2010 - 20h34

 

Isabela Vieira

Repórter da Agência Brasil

 

Rio de Janeiro- Enfrentar a evasão escolar e a defasagem em relação à idade e à série no ensino médio público serão as principais tarefas dos gestores da educação no município do Rio de Janeiro. Segundo pesquisa divulgada hoje (9) pela organização não governamental (ONG) Rio Como Vamos, os indicadores de ensino pioraram ou apresentaram pouca evolução entre 2008 e 2009.

 

O levantamento realizado com base nos dados da própria Secretaria de Educação mostra que a evasão escolar, que já preocupava entre 2006 e 2008, melhorou pouco entre 2008 e 2009, de 19,23% para 18,09%. Isso significa que no ano passado, 36.586 alunos deixaram as salas de aula diante do total de 40.177, no ano anterior.

 

"A escola é ruim. Não é interessante para os alunos. Além do mais, há as condições de violência que os afastam das salas de aula", avaliou a presidente da Rio Como Vamos, Rosiska Darcy de Oliveira.

 

Nas regiões mais pobres da cidade, marcadas pela violência, a situação é ainda pior. Nelas, a evasão escolar representa quase o dobro da média do município. Esse é o caso, por exemplo, de Santa Tereza (35,94%) e da zona portuária (28,31%), no centro da cidade. Também estão na mesma condição o Complexo do Alemão (33,24%) e Irajá (31,33%), na zona norte, e a Cidade de Deus (29,31%), na zona oeste.

 

A situação é diferente em outras partes da cidade, não necessariamente nas áreas mais ricas. Em Vila Isabel, na zona norte, o índice de evasão é o menor, de 3,57%. Na região do centro ficou em 5,82%, e em Copacabana e na Lagoa, na zona sul, em 10,34% e 13,2%, respectivamente. "O problema está espalhado em toda a cidade, com alguns pontos mais críticos", acrescentou Rosiska.

 

A Rio Como Vamos também chama a atenção para a distorção (dois ou mais anos de atraso) da idade do aluno em relação à série ideal, que atinge 59,41% dos matriculados no ensino médio no município. Na Cidade de Deus e no Complexo do Alemão, o índice chega 92,02% e 86,93% do total de alunos. Segundo a pesquisa, o problema reflete a evasão escolar e a reprovação, que ficou estável de 2008 para 2009, em 25,08%.

 

A presidente da Rio Como Vamos disse que a pesquisa da ONG não tem o objetivo de apontar as soluções para o quadro da educação e que, embora tenha avaliado 70 indicadores socioeconômicos da cidade, o objetivo é apenas orientar as políticas públicas, além de informar a população. "Os técnicos para isso estão no governo", afirmou Rosiska Darcy.


Edição: João Carlos Rodrigues