Agência Brasil
Brasília – A taxa de desemprego entre as pessoas que concluíram o segundo grau no Brasil é maior do que entre aquelas que não terminaram essa etapa na sua formação, diz um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE). No estudo divulgado hoje (7) a organização informa que o dado vai na contramão da tendência verificada nos países ricos - onde o maior nível de formação educacional garante maiores chances de encontrar um trabalho.
As informações são da BBC Brasil. O índice de desemprego entre os que não concluíram o segundo grau no Brasil é de 4,7% da população ativa, enquanto a taxa dos que terminaram o curso é de 6,1%. Uma das razões deste paradoxo no Brasil, segundo especialistas, é a alta taxa de desemprego entre mulheres que concluíram o segundo grau.
A taxa de desemprego entre mulheres com segundo grau completo é de 8,5%, superior ao mesmo índice de mulheres nos países da OCDE, que é em média de 5%. O economista Etienne Albiser, da divisão de indicadores e análises sobre educação da OCDE, que participou dos estudos do relatório Olhares sobre a Educação 2010, disse que foram analisados 38 países, sendo que 31 são membros da organização e sete parceiros em estudos sobre educação.
"Outro fator é a estrutura da economia brasileira, que teria mais necessidade de uma mão de obra menos qualificada, embora não existam estatísticas a respeito", disse o economista. Segundo a OCDE, pelo menos dois terços das pessoas entre 25 e 64 anos no Brasil não têm estudo secundário.
Países como Chile, Grécia, Luxemburgo e México, que são membros da organização, registram situação semelhante à do Brasil. Nesses países, a taxa de desemprego entre as pessoas que não concluíram o segundo grau também é menor do que a registrada entre as que obtiveram o diploma.
"Nos países da OCDE, o diploma de conclusão do segundo grau é considerado como a bagagem mínima para ser competitivo no mercado de trabalho. A taxa de desemprego das pessoas com esse diploma é menor, em média, de cerca de 4 pontos percentuais em relação ao que não atingiram esse nível de formação", afirma o estudo.
O documento também revela que as despesas do governo brasileiro com alunos do ensino primário e secundário quase dobraram entre 1995 e 2007. Em 2007, último dado disponível, os gastos por aluno dos ciclos primário e secundário no Brasil atingiram US$ 1,8 mil. Nos países da OCDE, a média é de US$ 7,6 mil.
"Os gastos do Brasil com o ensino primário e secundário era um dos mais baixos entre os países analisados. Houve o aumento da população, mas também havia a necessidade de recuperar o atraso em relação aos demais países", diz Albiser.
Os gastos com educação no Brasil passaram de 3,7% no período 1994-2000 a 5,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2007. Entre os países analisados no relatório, apenas Brasil, Chile, Dinamarca e Estados Unidos registraram um aumento dos gastos com educação superior a 0,8 ponto percentual do PIB nesse período. O Orçamento brasileiro passou a destinar para a educação de 11,2% em 1995 a 16,1% em 2007, afirma o estudo.
Edição: Rivadavia Severo