Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, criticou hoje (22) a proposta defendida pelo candidato do PSDB, José Serra, de criar um ministério específico para a área de segurança pública. Dilma disse que a experiência de tratar em pastas diferentes as questões de segurança pública e do sistema prisional não contribuiu para diminuir a criminalidade em São Paulo.
“Vocês deveriam investigar se a experiência de se criar uma Secretaria de Segurança Pública e outra de Assuntos Penitenciários levou a acabar com o crime em São Paulo. Muitas vezes, o que acontecia é que uma não conversava com a outra”, disse a candidata, que se reuniu hoje, em Brasília, com o presidente do PT, José Eduardo Dutra, e com o coordenador de campanha, Marco Aurélio Garcia, para fechar seu programa na área da segurança pública.
Dilma considerou que a polícia do Rio de Janeiro agiu de forma correta durante o confronto com traficantes ontem (21), em São Conrado, no Rio de Janeiro. Ela ainda lamentou a morte da única vítima do episódio. “Se formos fazer um balanço isento, vamos ver que a polícia agiu prontamente, agiu rápido, prendeu os criminosos. Inclusive eu acho que a polícia teve uma ação muito correta na libertação dos reféns”, destacou Dilma.
A candidata ainda sinalizou que pretende incluir como ponto estratégico em seu programa de segurança as unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) instaladas pelo governo do Rio de Janeiro em favelas cariocas controladas pelo crime organizado.
“O governo do Rio tem feito um combate sistemático ao crime organizado e tem tido sucesso. Esse combate tem que ser sistemático, com muita persistência. Nós estamos vendo que as UPPs têm sido um dos elementos mais importantes para combater e derrotar o crime, principalmente nas regiões em que o crime ocupou, estabeleceu sua lei privada e o Estado, no passado, se retirou. Isso tem contribuído para uma redução expressiva de homicídios e crimes contra o patrimônio no Rio de Janeiro”, avaliou.
Outra medida a ser adotada por Dilma, caso seja eleita, na área de Segurança, é a adoção de veículos aéreos não tribulados, os chamados vants, para o policiamento na fronteira seca do Brasil. Atualmente, segundo Dilma, o Brasil tem dois desses aparelhos, de fabricação israelense, que já são utilizados em Foz do Iguaçu. A candidata quer comprar mais dez vants, iguais aos já utilizados pelo Exército de Israel em operações militares, e defende que um deles faça o monitoramento do Rio de Janeiro.
Outro ponto que Dilma destacou em seu programa de governo para a segurança é a necessidade de investimento na formação do policial e a melhoria dos salários. Ela chegou a citar que a “polícia do século 21” precisa ser diferente da polícia que temos hoje no Brasil, que mata muito e prende pouco. “A polícia do século 21 tem que ser efetiva e não pode ser corrupta”.
Ao comentar a decisão do ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Henrique Neves, de arquivar a representação do PT contra a campanha tucana e atribuir somente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a legalidade para questionar o uso indevido de sua própria imagem pelo programa de José Serra, Dilma se esquivou de falar sobre qual atitude espera de Lula. “Isso vocês terão que perguntar para ele. Eu não posso falar pelo presidente Lula nesses termos”, disse a candidata.
Edição: Vinicius Doria