Ivan Richard
Enviado Especial
Jacuípe (AL) - Depois de três dias com a casa sob as águas do Rio Jacuípe, no município alagoano que leva o mesmo nome, o aposentado José Leandro da Silva pôde voltar hoje (30) para começar a salvar o que restou. Armários, sofá, colchões, enfim, tudo o que sobrou foi colocado na calçada sob o sol para secar.
Localizada a 140 quilômetros da capital do estado, Maceió, a cidade de Jacuípe, com pouco mais de 7 mil habitantes, passou por seus piores dias nas últimas duas semanas. Primeiro, no dia 19, foi praticamente destruída por uma enxurrada que atingiu mais de 3 mil pessoas. Depois, no último final de semana, voltou a ter boa parte de sua área inundada.
Hoje, quando as águas do Rio Jacuípe baixaram, foi dia de tentar voltar à rotina. O aposentado José Estevão Gonzaga Filho aproveitou o dia de sol para consertar seu carro, uma Brasília vermelha ano 1978 que foi alagada. “Pelejei para tirá-la da parte baixa, mesmo assim ainda molhou”, contou Estevão em frente a sua casa, que também foi totalmente tomada pela enchente.
Funcionário da prefeitura, o gari José Robervaldo Galdino era um dos que foram às ruas para retirar a lama. “Hoje que estamos conseguindo limpar. Acho que o rio não vai subir mais”, disse esperançoso. Já a dona de casa Rosilene Maria da Silva, que mora às margens do rio, fez questão de mostrar os estragos da enchente em sua casa, onde há mais cinco pessoas. “Perdemos tudo”, lamentou. Ela reclamou da dificuldade de acesso à água e às cestas básicas que estão sendo distribuídas pelo Exército. “Até hoje recebemos apenas uma cesta básica pequena. Estamos tomando água do poço, que deve estar suja”, relatou.
O secretário municipal de Administração, Manoel Marques Júnior, negou que esteja havendo problemas na distribuição dos mantimentos. Segundo ele, ontem (29), um helicóptero do Exército teve dificuldade em descarregar os donativos que trazia porque a população invadiu o campo de futebol onde foi improvisada uma área de pouso. “Ontem, entregamos 591 cestas básicas e distribuímos galões de águas”, alegou o secretário. Marques Júnior acredita que a partir de hoje, com a chegada da Força Nacional de Segurança, a entrega dos mantimentos será normalizada.
Edição: Lana Cristina