Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A descontinuidade na gestão é um dos maiores problemas enfrentados pelos museus do estado de São Paulo. A falta de recursos financeiros e o distanciamento do público também foram discutidos hoje (22) no primeiro dia de debates do 2º Encontro Paulista de Museus, realizado no Memorial da América Latina.
“A grande ameaça que todos vivemos é a das descontinuidades. Isso sempre é um fantasma na nossa vida, que lidamos com as instituições públicas. Mas o plano museológico passa a ser um grande instrumento, que vai consolidar os compromissos que esses museus vão ter”, ressalta a diretora da Associação Cultural de Amigos do Museu Casa de Portinari, em Brodowski (SP), Angélica Fabbri.
O plano museológico a que Fabbri se refere foi definido em lei pelo governo federal no início de 2009 e obriga a todos os museus do país a elaborarem um plano que defina a missão básica e sua função específica na sociedade. A intenção é evitar que a cada nova gestão da instituição o museu passe a desempenhar um papel diferente, interrompendo projetos em andamento para iniciar novos.
“E isso [o plano] vai garantir que o trabalho possa ter uma sequência. Não pensamos os nossos museus apenas nas questões básicas, a gente tem de ter um comprometimento com as funções sociais, compromisso com o público, principalmente os museus de cidade do interior”, destaca Fabbri.
Além do plano museológico, uma maior aproximação da instituição com o público local foi apontada como uma das “saídas” para driblar a falta de recursos financeiros. A aproximação também é vista como positiva por fazer com que a sociedade passe a ver o museu como um local onde é contada a sua própria história.
“O projeto da praça onde está o museu foi elaborado pela população. Fizemos algumas adaptações apenas. A população estava presente também na audiência pública e votou no nome do museu”, disse o secretário municipal de Cultura de Tatuí (SP), Jorge Rizek, sobre a participação do público no Museu Casa de Paulo Setúbal, em Tatuí, que conseguiu fazer profundas reformas em sua sede.
A coordenadora da Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico da Secretaria de Cultura do estado, Claudinéli Moreira Ramos, assinala a importância da participação do público nos museus, apesar das dificuldades diárias. “Cada hora a gente está correndo atrás de um problema que é maior e mais emergencial e muito mais difícil de resolver, como falta de espaço, problemas na estrutura física. Mas o que é o nosso desafio é encontrar tempo para discutir com a comunidade para onde a gente vai”.
No estado de São Paulo existem 23 museus administrados diretamente pela Secretaria de Cultura e 501 que fazem parte do Sistema Estadual de Museus (SISEM-SP).
Edição: João Carlos Rodrigues