Amorim elogia “Pepe” Lobo sinalizando que Brasil pode reavaliar relação com Honduras

28/01/2010 - 15h13

Renata Giraldi e Gislene Nogueira
Repórteres da EBC
Brasília e Davos (Suíça) - O ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim,elogiou hoje (28) a atuação do novo presidente de Honduras, Porfirio“Pepe” Lobo Sosa, que assumiu ontem (27) o cargo. Para o chanceler, “Pepe”Lobo – cuja eleição não é considerada legítima pelo governo brasileiro– avançou politicamente ao negociar o salvo-conduto para o presidentedeposto, Manuel Zelaya, deixar Honduras rumo à República Dominicana,sem ameaças.Os elogios de Amorim a “Pepe” Lobo podem indicar um novo posicionamento do governo brasileiro. Desde ogolpe de Estado, em junho de2009, o Brasil rompeu as relações políticas com o país vizinho. Noentanto, em busca da conciliação na nova gestão, o governo brasileirodeve reatar.Amorim afirmou ainda que é necessário ampliar osavanços obtidos por "Pepe" Lobo. Segundo ele, é preciso buscar maisações “conciliatórias” no país vizinho em um esforço de acabar com ainstabilidade política e social. “Eu vejo passos positivos [em direçãoa] um caminho de reconciliação. Vamos ver como isso evolui”, afirmou Amorim àEBC. Em seguida, o chanceler disse que: “O fato de o presidente Lobo ter ido buscar o presidente Zelaya na embaixada brasileira [referindo-se ao fato de o presidente ter acompanhadoo ex-governante deposto na saída da sede brasileira rumo ao aeroporto]é um indicativo de uma atitude conciliatória”.Para Amorim, é fundamental que o tom da conciliação permaneça. “Essa atitude conciliatória prevalecendo vai ter impacto [nas decisões internacionais]”, afirmou ele. Em fevereiro, o assunto será tema de um encontro de presidentes da República e chanceleres em Cancún, no México.Desde novembro,quando foi eleito, “Pepe” Lobo Sosa iniciou as articulações com opresidente da República Dominicana, Leonel Fernández, para a concessãodo salvo-conduto e a saída de Zelaya, sem riscos para ele e suafamília. Depois de 126 dias abrigado na Embaixada do Brasil emTegucigalpa, o presidente deposto deixou ontem (27), no final da tarde,o prédio.Em 28 de junho de2009, houve o golpe de Estado em Honduras por uma ação conjunta deintegrantes das Forças Armadas, da Suprema Corte e do CongressoNacional sob o comando do ex- presidente hondurenho RobertoMicheletti. Na ocasião, Zelaya foi deposto e deixou o país. Nocomeço desta semana, o Congresso Nacional de Honduras aprovou o decretode anistia que perdoa os golpistas e também o presidente deposto e seusaliados. Paralelamente a Corte Suprema do país absolveu os comandantesmilitares que participaram da ação contra Zelaya.