Terremoto não afetou obras realizadas por militares brasileiros no Haiti

26/01/2010 - 18h04

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As obras realizadas ao longo dos últimos cinco anos pela companhia deengenharia do Exército brasileiro no Haiti praticamente não foramafetadas pelo terremoto que atingiu a capital do país, Porto Príncipe,no último dia 12. “Mandei fazer um levantamento e quase todasas nossas realizações permanecem intactas. A exceção foi o ForteNacional, o antigo quartel ocupado pelo batalhão brasileiro”, disse àAgência Brasil o comandante da companhia, coronel Delcio MonteiroSapper.  O que parece um detalhe insignificante diante dasdezenas de milhares de mortos e do número incalculável de feridos edesabrigados é um alento para os sobreviventes que continuarão sebeneficiando de alguma das realizações da companhia brasileira. Casodas 32 crianças abrigadas no orfanato da Fundação BlessingHands, construído em Croix-Des-Bouquets, subúrbio de Porto Príncipe. Oudos futuros alunos da escola mista comunitária de Fejeat, que atenderáa 200 crianças da região de Mirebalais, a 45 quilômetros da capital.Ambas as obras foram concluídas com material doado pelos própriosmilitares. É também um consolo para os brasileiros que nãoviram parte do trabalho de cinco anos se perder em poucos minutos.Segundo Sapper, desde que a unidade chegou ao país, em 2005 (quase umano após o Brasil assumir o comando da Missão das Nações Unidas para aEstabilização do Haiti (Minustah), em 2004), as realizações de seussucessivos integrantes vão muito além do que prevê a missãoinstitucional da companhia. Embora oficialmente os 250militares da companhia estejam no país para dar apoio às outrasunidades da Minustah, cuidando, por exemplo, da desobstrução e damanutenção de ruas e estradas e da construção de poços artesianos parao abastecimento das tropas, eles também dedicam parte de seu tempo àrecuperação da infraestrutura haitiana e a obras assistenciais que nãosó ajudam a minimizar o sofrimento de quem vive no país mais pobre dohemisfério Ocidental, mas também para que a presença militar brasileiranão seja hostilizada pela população.“Essa não deveria ser nossaprincipal missão, mas em decorrência das carências haitianas, temos querealizar esse tipo de trabalho complementar e que tem uma dimensãomuito importante”, afirmou Sapper. De acordo com o coronel,passada as fases de resgates e de retirada de escombros e limpeza dasruas, a companhia brasileira deverá colaborar com a reconstrução daregião afetada pelo terremoto. “Aindaestamos na fase de levantamento dos prejuízos e dos recursosnecessários, mas não há dúvida de que o volume de trabalho será imenso. O trabalho vai ter que ser complementado por muitos órgãos e empresas”, declarou o coronel, explicando que, certamente, a companhia brasileira terá que ser reconfigurada. “Com o que já possuímos em termos de equipamentos e de homens é possível fazer muita coisa, mas certamente vamos ter necessidadede aumentar essa capacidade. Iremos solicitar meios ao Brasil. Antes temos que esperar que aONU e o governo haitiano definam suas necessidades e prioridades para,então, solicitarmos os equipamentos adequados e a mão-de-obraespecializada”, concluiu o coronel.