Morales assume segundo mandato, mas antes participa de cerimônia pré-inca

19/01/2010 - 4h46

Renata Giraldi
Enviada Especial
La Paz (Bolívia) - Reeleito presidente da Bolívia, Evo Morales toma posse de seu segundo mandato na próxima sexta-feira(22). Morales ficará mais cinco anos no poder – resultado de fortepressão feita por ele para mudar a legislação eleitoral do país. Representante dos indígenas, antes de ser novamente reconduzido aopoder, ele vai se submeter a uma cerimônia de bênção, tradição dos povospré-incas.A cerimônia será realizada em um povoado a70 quilômetros da capital boliviana. A indígena mais velha e uma menina vãoguiar a cerimônia. O objetivo é que os espíritos da sabedoria guiemMorales em mais esta etapa de governo.Cercado por misticismo, aprovação popular  e o conforto de ter maioriano Congresso, Morales quer realizar obras para cada um dos novedepartamentos (o equivalente a estados no Brasil) bolivianos, construirtermelétricas em Santa Cruz (reduto da  oposição) e estradas. Segundoele, uma das prioridades é por em prática projetos deinfraestrutura.Antes, porém, Morales teráoutro desafio: garantir que correligionários ocupem os governos eprefeituras das principais regiões do país. Em 4 de abril,os eleitores da Bolívia vão às urnas para escolher nove governadores,234 deputados estaduais, 327 prefeitos e 1.700 conselheiros municipais.ABolívia é um dos países mais pobres da América Latina. O país sofre comelevados índices de desemprego, de violência e desnutrição,principalmente entre os indígenas e seus descendentes. Com maioria deindígenas, os menos favorecidos veem no governo de Morales apossibilidade de melhoria social. Durante as eleições em dezembro,no entanto, o presidente reeleito manteve uma relação dura com seu adversário,Manfred Reyes Villa. Ambos trocaram insultos e houve ameaças mútuas.Irritado com as provocações de Villa, Morales disse que modificaria alegislação para prender Villa por suspeita de corrupção. Mas a ameaçanão se concretizou.Morales venceu Villa com mais de 60% dosvotos. Cerca de 5 milhões de bolivianos votaram, incluindo os que vivemno exterior. A eleição mostrou ainda que ele tem eleitores fora dogrupo de indígenas e seus descendentes.No começo do ano passado, em abril, Morales aprovou a  reforma da legislação eleitoral, antecipando as eleições para dezembro de2009. Antes, anunciou que faria greve de fome se a reforma defendida porele não fosse aprovada pelo Congresso. As alterações também permitiramque o peso eleitoral em caso de vitória do candidato majoritáriofuncione como critério de proporcionalidade.