Renata Giraldi
Enviada Especial
La Paz (Bolívia) - Líder do Movimento Esquerdista Boliviano Cocalero,Evo Morales, de 50 anos, virou alvo da atenção internacional ao venceras eleições, em primeiro turno, para presidente da República em 2005.Nos últimos anos, ele gerou polêmica por suas atitudes e atraiusimpatizantes. Na Bolívia, tem o apoio das camadas mais pobres dapopulação e sofre restrições dos mais favorecidos. É o primeiroindígena a chegar ao poder.Favorável ao plantio de coca comosímbolo da tradição dos povos indígenas, Morales comandou movimentosfavoráveis às reformas na Constituição e legislação eleitoral. Críticoda política dos Estados Unidos, é um dos mais resistentes às ações que considera de ingerência norte-americana na América Latina. Tambémmantém uma relação de atrito permanente com o governo chileno.Nocomeço deste ano, Morales fez advertência para que as petroleirasinternacionais – além da Petrobras, outras quatro investem no país –ampliem seus investimentos em novos campos de gás e petróleo. Em tom deameaça, o boliviano disse que não aguardará a atitude das empresas de“braços cruzados”.Em 2006, Morales anunciou a privatização deduas refinarias da Petrobras, surpreendendo o governo brasileiro. Poucoantes, ele se referia ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva como“amigo”. A iniciativa do boliviano provocou o aumento do preço do gáscomprado pelo Brasil. Houve críticas de autoridades brasileiras eprejuízos para o governo.Em2008, Morales conseguiu, por meio da aprovação de um referendorevogatório, ser mantido no poder. Na ocasião, ele obteve 67,4% dos votosfavoráveis à medida. Com um discurso incisivo e original, o presidenteboliviano manteve o estilo de líder indígena, inclusive nas roupas.Morales foi à sede da Organização das Nações Unidas(ONU), no começo do ano passado, apelar para que o órgão despenalize afolha de coca mastigada como tradição pelos indígenas. “Não soudrogado”, disse ele, na ocasião.O boliviano se inspirapoliticamente no ex-presidente de Cuba Fidel Castro e no presidente daVenezuela, Hugo Chávez. Recentemente, em um encontro com Lula,presenteou-o com um agasalho tipicamente indígena.
