Porto Príncipe tenta voltar à normalidade em meio a cenário de guerra

18/01/2010 - 5h49

Luciana Lima
Enviada Especial
Porto Príncipe (Haiti) - Ainda com corpos na rua, com escombros a serem removidos, com cheiro demorte espalhado pela cidade, Porto Príncipe, a capital haitianadestruída pelo terremoto que atingiu 7 graus de magnitude, tenta retomar umpouco da normalidade, mesmo em cenário de guerra.Nocomércio formal, os mercados que não foram destruídos continuamfechados, com medo de saques. Mas nas calçadas, os haitianos voltaram avender de tudo: legumes, frutas, pedaços de frango assado na brasa,refrigerantes, cana-de-açúcar cortada em pedaços, qualquer coisa quetenha sobrado da tragédia virou mercadoria.Algunstelefones celulares já voltaram a funcionar. Energia elétrica só é encontrada em alguns pontos da cidade servidos por geradoresparticulares. As taps-taps, o transporte coletivo urbano mais popular,continuam a circular extremamente lotadas e a engrossar o caóticotrânsito de Porto Príncipe. São veículos totalmente enfeitados e bemcoloridos que fazem o serviço de transporte urbano. Além da taps-taps,há o serviço de mototaxi que também funciona a todo vapor.  As filaspara comprar gasolina são enormes.Nos escombros removidos ejogados na beira da estrada que dá acesso à República Dominicana,vários haitianos passaram o domingo (17) martelando pedaços de lage pararemover as ferragens. A venda de um monte pequeno de ferro na cidadepode render, segundo um haitiano, 200 gourdes, o equivalente a US$ 5. A quantia ainda seria dividida com outros três companheirosdepois de levarem a pé a carga até a cidade, que fica a cerca de 30quilômetros.A tentativa de voltar à normalidade também estánas igrejas. Muitos haitianos procuram as igrejas, tanto católicas quanto evangélicas, para o culto ou a missa dominical.Hoje, obatalhão brasileiro deu início ao enterro dos corpos em um terreno forada cidade. As covas  foram cavadas com 20 metros de extensão e doismetros de largura. Em cada cova, os militares colocaram 20 corpos, comuma distância de dois metros e meio entre cada corpo. Antes do enterro, os corpos eram fotografados para possível identificaçãoposterior.Também entrou em funcionamento nesse domingo ohospital de campanha brasileiro. “Já fizemos algumas cirurgias”, disseo médico brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro Guimarães, da Companhiade Engenharia do Exército. O hospital tem capacidade para atender 400pessoas por dia.