Piñera diz que presidentes populares, como Lula e Bachelet, não transferem votos

18/01/2010 - 19h31

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Responsável pela derrota da esquerda no Chile depois de 20anos no poder, o presidente eleito e oposicionista Miguel SebastiánPiñera, de centro-direita, disse hoje (18) que presidentes com elevadapopularidade, como a chilena Michelle Bachelet, e Luiz Inácio Lula daSilva não transferem necessariamente votos para seus candidatos.Segundo Piñera, ele é o exemplo disso. Para o presidente eleito, nada supera odesejo de mudança do eleitorado, nem mesmo índices de aprovação popular. “Écerto que a presidente Bachelet é muito popular e Lula também. Quando estive com o presidente Lula conversamos sobre isso. Não se pode confundir um presidentecom elevada popularidade com a necessidade de mudança”, disse.Ontem (17), Piñera venceu com 51,6%dos votos contra 48,3% dados ao candidato governista, o ex-presidenteEduardo Frei Ruiz, de centro-esquerda, apoiado por Bachelet. A eleição foiconsiderada a mais apertada da história chilena. Opresidente eleito escolheu um dos principais cartões postais da capital Santiago – a Terraza Caupolicán del Cerro de SantaLucía que é o marco de fundação da cidade - para sua primeira entrevistacoletiva. Cuidadoso, Piñera evitou falar da política internabrasileira. Mas disse conhecer bem os candidatos de oposição quedeverão disputar as eleições em outubro.“Conheçoos dois candidatos da oposição no Brasil, especialmente Serra[governador de São Paulo, José Serra, do PSDB] e tenho respeito porambos. Não quero interferir na política interna do Brasil”, disse ele.“Que eu saiba, a oposição no Brasil ainda não escolheu seu candidato.Mas a terá de tomar seu caminho.”Em dezembro,o comando nacional do DEM enviou um grupo de políticos a Santiago para acompanhar as eleições que eram lideradas por Piñera. Oex-prefeito do Rio Cesar Maia (DEM) é um dos políticos brasileiros maisligados ao presidente eleito do Chile.  Ao ser questionado seera um típico político de direita, Piñera negou o rótulo e afirmou queLula também não é um exemplo de presidente de esquerda. “Lula poderiaser considerado um político de centro-esquerda. Mas na minha opiniãoele é parte da democracia. Este conceito de direita e esquerda estáperdendo força”, disse.