Parlamentares comparam eleições no Chile com cenário político brasileiro

18/01/2010 - 10h25

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A escolha popular do empresário Sebastián Piñera para suceder a presidente chilena Michelle Bachelet, encerrando o ciclo de 20 anos de poder de uma coalização de centro-esquerda no país, demonstra para os parlamentares de oposição no Brasil e até mesmo para a base do governo Lula que a boa avaliação de um presidente é insuficiente para eleger o sucessor. Esta é opinião de lideranças do DEM, PSDB e do PSB. “O povo vota em circunstâncias e pela sua própria deliberação e não em quem se manda votar”, afirmou à Agência Brasil o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN). Ele acrescentou que, ao verificar o que ocorreu nas eleições do ano passado, esse processo pode se repetir no Brasil, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta fazer da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, sua sucessora.Para o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Demóstenes Torres (GO), a troca de comando do Executivo, no Chile, demonstra um processo claro de amadurecimento democrático. “Isso não significa que o governo de esquerda do Chile deu errado mas que, neste momento, o eleitor considerou que, com um presidente conservador, as mudanças econômicas e sociais poderão ocorrer de forma mais rápida”, completou.Torres acrescentou que, no caso do Brasil, Lula terá influência na eleição presidencial mas “o povo poderá estar ávido por uma nova experiência”. Ele disse, ainda, que uma eventual derrota de Dilma Rousseff não significará de forma alguma rejeição ao presidente.O vice-líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), também avalia que Lula terá peso nas eleições, mas não para definir o quadro sucessória a favor de Dilma Rousseff. Segundo ele, pesquisas qualitativas e quantitativas realizadas pelo partido mostram que o presidente vai transferir votos à ministra, mas não o suficiente para decidir a eleição presidencial de 2010.O líder do PSB na Câmara, Rodrigo Rollemberg (DF), compartilha da mesma ideia. “A situação da presidente Bachelet é parecida com o que ocorre no Brasil e mostra que o presidente pode ter dificuldade de emplacar a ministra Dilma”, disse.A líder do governo no Congresso, Ideli Salvatti (PT-SC), porém, considera prematura qualquer comparação das eleições presidenciais brasileiras com as circunstâncias que elegeram Sebastián Piñera no Chile. “Estou vendo muita gente comemorando, mas o Chile é o Chile e o Brasil é o Brasil. Não dá para fazer esse translado”.Salvatti destacou que algumas circunstâncias contribuíram para a derrota do candidato de centro-esquerda, Eduardo Frei. Entre elas, a divisão no campo governista e um eleitorado extremamente polarizado. Outro fator, disse a líder, foi a renovação do eleitorado, que não conheceria Frei. “Por melhor que seja o governo a novidade sempre atrai”, analisou a senadora.