Em São Paulo, organizações civis discutem como ajudar o Haiti

18/01/2010 - 15h57

Ivy Farias
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Para discutir oquê a sociedade brasileira pode fazer para ajudar a reconstruçãodo Haiti, cerca de 40 pessoas de diferentes entidades civisreuniram-se hoje (18) para elaborar uma série de propostas de ações para a ilha, abalada por um terremoto na última terça-feira (12). Um dos pontos discutidos na reunião foi comoenviar aos haitianos as roupas e alimentos não perecíveis doados."A responsabilidade de enviar o que arrecadarmos é do governo.Cabe ao poder público encontrar um meio de levar as doações para oHaiti", afirmou Barbara Corrales, representante do comitêDefender o Haiti é Defender a Nós Mesmos, ligado à AssembleiaLegislativa de São Paulo. Bárbara disse que é preciso pressionar o poderpúblico para que atue na questão do Haiti. A representante do comitê Pró-Haiti Brasil,Lúcia Skromov, ressaltou que, diante da expectativa de umaarrecadação superior a US$ 560 milhões para as vítimas doterremoto, a pergunta que se faz é: “quem administrará essedinheiro?". Segundo ela, é preciso fortalecer a organizaçãosocial coletiva dos haitianos para que eles mesmos consigam manejar odinheiro e decidir como será aplicado. "Há muitas questões preocupantes no Haiti,além do terremoto", destacou Lúcia. A ilha do Caribe temaproximadamente 300 mil crianças órfãs – e o número tende acrescer. "Muitas mulheres morrerão no parto pela falta decondições", afirmou Lúcia. Uma questão que preocupa é asque perderam a mãe sejam adotadas por famílias estrangeiras. "Elas[crianças] são importantes para a reconstrução políticado país, não podem simplesmente ser adotadas sem critérios."Na reunião, foi levantada ainda a possibilidadede realizar uma campanha que livre o Haiti de tropas estrangeiras.Outra proposta é a criação do Dia do Trabalho Solidário, em quecada trabalhador doaria o valor correspondente a um dia de saláriopara iniciativas de reconstrução do país.A economista Sandra Quintela, que presidiu asdiscussões, propôs a realização de manifestações nas ruas pelareconstrução do Haiti. "O país poderá renascer das cinzas, semfavelas, com saneamento básico público. Se tantos trilhões dedólares foram usados para salvar bancos, por que não salvar PortoPríncipe? [capital haitiana]", questionou Sandra,representante da Rede Jubileu Sul, entidade que luta para provar ailegitimidade das dívidas externas e internas dos países doHemisfério Sul. A fotógrafa e jornalista Brigida Rodrigues, docomitê Pró-Haiti, disse que o momento é importante para que omundo tome consciência da real situação do país antes doterremoto e questione a presença da força de paz das NaçõesUnidas em seu território. "Proponho que criemos uma campanhainternacional que alerte para a Missão das Nações Unidas para aEstabilização do Haiti [Minustah]. Deveria ser algo como'Fora, Minustah' para mostrar que os haitianos não querem a Minustahem seu país." Ainda sem um calendário definido para as diversasações propostas, as entidades pretendem elaborar uma manifestaçãopró-Haiti para ser entregue no Fórum Social Mundial, que serárealizado na semana que vem em Porto Alegre. "Temos fitinhas emque pedimos o Haiti livre em 60 idiomas. Pdemos distribuir lá",disse Lúcia Skromov.