Bachelet e Piñera definem que transição de poder será com diálogo

17/01/2010 - 23h42

Renata Giraldi
Enviada Especial
Santiago (Chile) - A presidente do Chile, Michelle Bachelet, se reuniu hoje(18) com seu sucessor, o oposicionista Miguel Sebastián Piñera, decentro-direita – eleito ontem (17) em um dos pleitos maisapertados do país. Encerradas as apurações, Piñera obteve 51,6% contra48,3% do candidato governista, o ex-presidente Eduardo Frei Ruiz, decentro-esquerda. Bachelet e Piñera se comprometeram a trabalhar emparceria para a transição de poder.Segundo Piñera, o compromisso é com o futuro do Chile e, apesar de a eleição ter sidoapertada, ele presidirá para todos e não apenas para seus eleitores.Para o presidente eleito, o caminho é o do diálogo e da unidade. Ontem (17), logo após aapuração de 60% das zonas eleitorais, Frei reconheceu a derrota edesejou sorte ao adversário.“Vamos trabalhar para criaroportunidades de recuperar a capacidade de geração de empregos ecombater a delinquência e violência. Também vamos trabalhar paramelhorar a saúde e a educação”, disse Miguel Piñera. Ele terá de garantir ainda os avanços sociais já executados, como as conquistas de direitos previdenciários e trabalhistas.Depoisde 20 anos da redemocratização, a esquerda chilena foi derrotada peladireita. As últimas eleições em que a direita obteve a vitória pormeio do voto foram há 52 anos. Na ocasião, o ex-presidente JorgeAlessandri, da direita, venceu o socialista Salvador Allende.Comisso, o país amanheceu hoje discutindo as mudanças que devem ocorrer nacoligação de centro-esquerda Concertación. Bachelet já avisou que vaiconcorrer às eleições em 2014 quando pretende voltar ao governo. Porém,analistas políticos afirmam que será necessário a coligação reverposições para atender às demandas da população.Outra discussãoé sobre quem Piñera escolherá para assessorá-lo. Há indicações de queele aproveitará parte de sua equipe na formação do futuroministério. O presidente eleito assume em 11 de março.Avitória de Piñera levou a uma polarização entre a direita e a esquerdano Chile. Foi a eleição mais concorrida no país. Cada voto foidisputado. A última eleição tão apertada foi a do ex-presidente RicardoLagos (esquerda) e Joaquín Lavín (direita), em 2000. Mas na época Lagosfoi vitorioso.As eleições realizadas ontem no Chileregistraram elevado número de abstenções. Dos 8.285.186 chilenosaptos a votar, somente 4.111.567 foram  às urnas. Mas houve um baixonúmero de votos nulos e brancos - 2,5% de nulos e apenas0,74% de brancos.Depois de uma noite de festa na principalavenida de Santiago, a Plaza Itália, os eleitores de Piñera começarama semana sem demonstrações explícitas de felicidade. Porém, o edifíciono qual o presidente eleito mantém seus escritórios amanheceu com umabandeira imensa do Chile exposta do lado de fora.