FAO pede US$ 23 milhões para agricultura no Haiti

17/01/2010 - 15h10

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Escritório Regionalpara a América Latina e o Caribe da Organização das NaçõesUnidas para Agricultura e Alimentação (FAO) pediu hoje (17) aosdoadores internacionais US$ 23 milhões para a agricultura no Haiti.O pedido insere-se no apelo de US$ 562 milhões lançado pela ONUpara ajudar o país caribenho devastado por um terremoto terça-feirapassada (12). Em nota à imprensa, a FAO lembra que asconsequências do terremoto serão sentidas no setor agrícola e que,no Haiti, o plantio começa em março. “Os recursos sãonecessários para apoiar a produção alimentar no campo e cidade,não apenas nas áreas atingidas, mas também naquelas que não foramdiretamente afetadas e que, ainda assim, sofrerão as consequênciasdo colapso da capital [Porto Príncipe].”O representante da entidade no Haiti, Ari TouboIbrahim, destaca no comunicado a possibilidade de um "deslocamentomassivo de pessoas e de danos à infra-estrutura agrícola" epor isso diz que é preciso apoiar a produção local de alimentospara garantir o sustento das famílias.Nos últimos 20 anos, o país se tornou dependenteda importação de alimentos, embora a maioria de seus habitantestrabalhe na agricultura. “Cerca de 80% dos haitianos trabalham naagricultura, mas não têm os conhecimentos e equipamentosnecessários, e a FAO estima que metade da população do paísesteja subnutrida”, afirma a nota. A FAO informa que também o Programa Mundial deAlimentos pediu recursos para alimentar 2 milhões de pessoasafetadas pelo terremoto. Como a época do plantio está chegando, osagricultores precisam de apoio nas próximas semanas para impedir quepiorem as condições de segurança alimentar no país. Segundo a FAO, os investimentos destinam-se àreabilitação da infra-estrutura da pequena agricultura, incluindocanais de irrigação e a indústria de processamento agrícola. Porcausa do grande número de pessoas deslocando-se internamente, a FAOpretende ainda desenvolver projetos de agricultura urbana eperiurbana, com ênfase na produção de alimentos nutritivos.De acordo com aorganização, os agricultores familiares haitianos precisam receberferramentas agrícolas, sementes de qualidade e animais como galinhase porcos para a produção de ovos e carne em pequena escala. “Seas hortas familiares forem plantadas agora, em cerca de três mesesjá seria possível ter a primeira colheita”, avalia. A FAO lembraque, em 2008, os altos preços dos alimentos e dos combustíveisforam responsáveis por uma onda de violência e por uma crisepolítica no Haiti.